Amamentação: qual o impacto do leite materno?

Amamentação: qual o impacto do leite materno?

A primeira semana de agosto é marcada pela comemoração da Semana Mundial da Amamentação e tem como principal objetivo promover e incentivar o aleitamento materno. Principalmente, porque receber o alimento que a mãe produz tem influência durante a vida inteira do ser humano, além de ser um momento único que estreita laços.

“A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), apoiadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomendam introduzir o leite materno nos primeiros 60 minutos de vida. Além disso, deve ser a única forma de alimentação até os seis meses de idade e de maneira complementar até os dois anos”, explica o pediatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dr. Hamilton Robledo. 

O médico ainda complementa que é o alimento mais rico, equilibrado e não pode ser substituído, por atender todas as necessidades nutricionais da criança. 

Conheça todas as vantagens que esse ato de amor traz:

Para o bebê
- Diminuição da mortalidade infantil: evita 13% das mortes em crianças nos primeiros 5 anos de vida. É considerada a primeira vacina do bebê, contendo inúmeros fatores de proteção;
- Ajuda a prevenir infecções, colaborando com o sistema imunológico, transmitindo imunoglobulinas, lisozimas, oligossacarídeos, anticorpos e células vivas de defesa;
- Evita problemas respiratórios e gastrointestinais por proteger as mucosas brônquica e intestinal;
- Protege das cólicas, por ser fácil de digerir e absorver;
- Rico em ferro, cálcio e fósforo, defende o organismo da anemia e do raquitismo;
- A sucção tem um efeito positivo no desenvolvimento da arcada dentária, além de auxiliar na respiração e na fala;
- Aumenta o vínculo afetivo familiar, é barato, não tem necessidade de ser requentado e reduz gastos com medicações.

Para a mãe
- Protege contra o câncer de mama, de ovário e endométrio, além da osteoporose;
- Ajuda a retornar ao peso ideal, porque consome 800 calorias por dia;
- Auxilia na ação das oxitocinas, contribuindo para o retorno do útero ao tamanho  normal e previne hemorragias e, secundariamente, anemia;
- Diminui o risco de uma síndrome metabólica, principalmente diabetes, inclusive para aquelas que apresentaram o quadro durante a gravidez;
- Reduz a chance de doenças cardíacas e de infarto.

Porém, não são todas as mães que conseguem amamentar. Confira os principais fatores que podem ocorrer citados pelo Dr. Hamilton:

Falta de informação
O pré-natal é um momento muito importante para orientar a nova mamãe com relação às vantagens do aleitamento materno e o que ela encontrará em casa, depois da maternidade. 

“Situações que são normais e são interpretadas de maneira errônea como, por exemplo, o nenê mamar toda hora não quer dizer que o leite não sustenta. É importante aprender a identificar os sinais de fome, para amamentar antes que o pequeno fique irritado, porque dificulta a pega. Inclusive, a SBP indica a consulta com o pediatra antes mesmo do nascimento, aproximadamente na 32ª semana de gravidez”, diz o médico.

Falta de apoio
Segundo o especialista, o apoio é fundamental por parte do marido e outros familiares. Por mais que seja algo natural, as lactantes precisam ser amparadas e orientadas.

Bico invertido
O formato do bico do seio pode dificultar a pega do bebê, tornando a experiência muito mais difícil e até machucando o mamilo. “Por isso, a inspeção das mamas no pré-natal é essencial, porque essa situação consegue ser evitada e esse bico preparado para protruir”, reforça Dr. Hamilton.

Uso de intermediários
Usar conchas, bicos de silicone, mamadeiras e outros intermediários interferem na pega correta e nos mecanismos de produção do leite. Quanto mais o lactente suga, mais alimento é produzido por reflexos hormonais.

Fissuras mamárias
As rachaduras acontecem por causa da pega incorreta e da hidratação exagerada das mamas e do mamilo. O pediatra lembra que somente a mama pode ser hidratada para a prevenção de estrias.

“Novamente, ressaltamos a importância do pré-natal. Dessa forma, os pais recebem orientação e aprendem como é a pega correta (lábios para fora, queixo encostado na pele da mama, posição do nariz, forma das bochechas, que têm que ficar arredondadas, e ausência de barulho significativo)”, afirma.

Quem não pode amamentar?
O aleitamento materno só é contraindicado em alguns casos, segundo o médico, conheça os motivos: 

- HIV (vírus da imunodeficiência humana), pois existe risco de transmissão;
- HTLV (vírus linfotrópico humano de células T) o qual afeta a imunidade;
- Ingestão de álcool, mesmo em pequena quantidade. A recomendação é não consumir;
- Uso de drogas ilícitas como maconha, cocaína, crack, anfetaminas e ecstasy;
- Crianças com doença metabólica rara, como galactosemia;
- Medicações incompatíveis tanto absolutas como relativas como radiofármacos e antineoplásicos;
- Herpes simples com lesões nas mamas;
- Tuberculose aguda não tratada;
- Doença de chagas na fase aguda e com comprometimento mamilar;
- Varicela (catapora): mães que apresentam vesículas 5 dias antes do parto ou 2 dias após;
- Hepatite C que apresenta fissuras nos mamilos.

Mitos e verdades 
Quer saber ainda mais sobre amamentação? Desmistifique os principais tabus que rondam o assunto.

Meu leite é fraco e não sustenta: mito.
Toda mãe tem condições e pode produzir leite. O que algumas mulheres precisam é de instrução. Durante os primeiros 30 a 45 dias, o pequeno não tem força muscular para esvaziar a mama e se cansa rápido, mamando em curtos intervalos de tempo. Mas, não significa que o leite não sustenta ou seja fraco.

Arrotar no peito seca o leite: mito. 
Não existe comprovação científica para este fato e é comum que as pessoas acreditem nisso e o médico tenha que explicar que não acontece.

Seios pequenos produzem menos leite: mito.
O que determina o tamanho dos seios é o tecido gorduroso e não a glândula produtora de leite.

Mulher menstruada sentar na cama de uma lactante seca o leite: mito. 
Não há nenhuma evidência científica para isto.

Amamentação deixa os seios flácidos: mito. 
O que determina essa situação é o excesso de ganho de peso durante a gravidez, não está ligado à amamentação. Dr. Hamilton ainda comenta que o recomendado é não ganhar mais de 11kg na gestação. 

Vantagens ao longo da vida
Os benefícios do aleitamento materno ficam conosco durante a vida inteira, por determinar padrões em nossa programação metabólica. O pediatra diz quais são os principais ganhos levados durante os anos:

- Prevenção da obesidade: o leite materno tem uma função importante na programação metabólica, relacionando células de gordura, seu tamanho e diferenciação, melhor desenvolvimento da autorregulação da ingestão alimentar e, com isso, diminuindo as dislipidemias;
- O ato evita a hipertensão arterial, diabetes tipo 1 e as doenças respiratórias, principalmente asma;
- Reduz o risco de infarto, pela menor possibilidade de obesidade e dislipidemias;
- Melhor desenvolvimento intelectual.

Aproveite essas dicas e incentive o aleitamento materno.