Desmistificando a Dermatite Atópica

Desmistificando a Dermatite Atópica

A dermatite atópica é uma patologia inflamatória crônica com fundo hereditário na qual o paciente tem sensibilidade maior ao prurido, já que a pele perde a função de barreira e fica mais seca do que o normal. O problema atinge cerca de 20% das crianças e 3% dos adultos globalmente* sendo capaz de trazer muitos impactos na qualidade de vida dos acometidos por conta dos seus incômodos e sintomas e, ainda, pelo desconhecimento da população ao achar que a condição é contagiosa.

Segundo o Dr. Samuel Mandelbaum, médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a perda da função de barreira faz com que a pele perca água e não consiga retê-la no organismo, com isso ela fica mais seca, aumenta-se a coceira, além de diminuir a resistência às bactérias ampliando as infecções.

“Mais comum no público infantil, a dermatite atópica também pode ocorrer nos adultos e apresenta maior incidência em pessoas com rinite e asma brônquica. O problema costuma afetar mais as dobras dos braços e das pernas, porém é muito importante entender que não é transmissível”, adiciona o dermatologista.

Diagnóstico e tratamento

Dr. Samuel explica que o diagnóstico é realizado em consulta com o dermatologista, não precisando de exames. O tratamento inclui os anti-histamínicos via oral, que visa diminuir o prurido, lembrando que as versões tópicas desses remédios nunca devem ser utilizadas pelo risco de sensibilizações e alergias. Os corticosteroides também são opções, mas por períodos muito curtos e sob estrita orientação médica já que possuem efeito anti-inflamatório potente. As medicações manipuladas são indicadas quando há necessidade de ajuste de doses orais ou de concentrações em medicamentos tópicos.

“Banho quente e demorado e o uso de escovas e/ou buchas são fatores agravantes para a patologia, pois ressecam ainda mais a pele. Roupas sintéticas que atrapalham a respiração da pele e retêm o suor também pioram o quadro”, ressalta o dermatologista.

Convivendo com a dermatite atópica

Apesar de não contagiosa, a dermatite atópica carrega um grande impacto social. O médico da SBD afirma que, no caso do público infantil, o problema causa muito mais coceira do que o normal, além da pele se tornar muito mais seca e com vermelhidão e, às vezes, com secreção, principalmente nas dobras, configurando em eczema.

“A qualidade de vida pode ser afetada já que, em muitos casos, as crianças são incapacitadas de brincar, devido às suas condições ou ainda pior: são impedidas de se divertirem por medo de que a sua doença se transmita. Por isso, é fundamental saber que a dermatite atópica não é infectante e tem controle com cuidados simples e alguns medicamentos”.

Veja as medidas não farmacológicas que auxiliam no tratamento da dermatite atópica e ajude a desmistificar o preconceito com relação à patologia:

  • O banho deve ser morno, rápido e sem o uso de buchas ou esponjas
  • Passar hidratantes idealmente até 3 minutos após o banho
  • Evitar variações bruscas de temperatura
  • Dar preferência para as roupas de algodão e mais frescas as quais ajudam a diminuir o prurido

“Apesar de não existirem comprovações científicas de que determinados alimentos possam provocar ou até agravar a situação, algumas crianças podem piorar com frutos do mar. Assim é interessante evitá-los. Bebês amamentados exclusivamente com o leite materno nos primeiros seis meses de vida têm menor chance de desenvolver a patologia”, finaliza Dr. Samuel.

Referências

*S. Nutten. Atopic Dermatitis: Global Epidemiology and Risk Factors. Ann Nutr Metab 2015;66(suppl 1): 8-16.