Produção de antirretrovirais no Brasil

Produção de antirretrovirais no Brasil

A colaboração contribuirá para ampliação do acesso da população aos tratamentos antirretrovirais e possibilitará a produção local de uma medicação de dose única diária inédita no Brasil

A Fiocruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), a farmacêutica britânica GSK, e a ViiV Healthcare firmam parceria para desenvolvimento e produção de antirretrovirais no Brasil. Denominada Aliança Estratégica de longo prazo, a cooperação, assinada nesta terça (14), tem como objetivo melhorar a capacidade nacional de produção de medicamentos para o tratamento de pessoas que vivem com HIV.

O projeto prevê a colaboração para fabricação local de uma combinação de Dolutegravir 50 mg e Lamivudina 300 mg em dose única diária. A tecnologia será transferida da ViiV Healthcare – detentora da propriedade intelectual – para Farmanguinhos em fases. A primeira consiste na absorção tecnológica e know-how para a fabricação de Dolutegravir 50mg, um dos mais modernos antirretrovirais utilizado no tratamento de HIV no mundo. No Brasil, o medicamento foi introduzido no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2016 e, atualmente, é distribuído a mais de 300 mil pacientes, o que representa cerca de metade das pessoas em tratamento contra o HIV atendidas pelo SUS.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, destaca a importância da cooperação para fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). "Esta cooperação reforça o compromisso da Fiocruz com a saúde pública e a qualidade de vida dos brasileiros. Por meio dessa parceria, iremos modernizar o tratamento de HIV no Brasil com potencial de beneficiar milhares de pacientes com a redução dos comprimidos e dos efeitos adversos. Ao mesmo tempo, daremos impulso à ciência e à produção nacionais, tão importantes para o fortalecimento do nosso Sistema Único de Saúde", destaca.

A ViiV Healthcare ainda colaborará com Farmanguinhos para desenvolver localmente uma formulação de dose única diária a partir da combinação de Dolutegravir 50mg e Lamivudina 300mg - ainda não disponível no país. É a primeira vez que um tratamento antirretroviral ainda não comercializado no Brasil é objeto de uma aliança estratégica entre uma companhia multinacional e um laboratório público brasileiro.

Para José Carlos Felner, presidente da divisão farmacêutica da GSK no Brasil, este modelo de aliança estratégica é muito benéfico no sentido de garantir acesso a medicamentos inovadores a pessoas vivendo com HIV/Aids. 

“Há mais de três décadas, contribuímos para o avanço da ciência no Brasil, por meio de alianças estratégicas com Instituições de Pesquisa e de Produção para transferência de tecnologia de nossos medicamentos e vacinas. Nos últimos 10 anos, junto com a ViiV Healthcare, disponibilizamos medicamentos inovadores para o tratamento do HIV. Esta nova cooperação é mais um passo rumo à garantia do acesso amplo a terapias modernas à população ao nosso compromisso de não deixar nenhuma pessoa vivendo com HIV para trás, melhorando cada vez mais a qualidade de vida desta comunidade”.

O diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça, destaca a ampliação da cooperação a fim de favorecer o acesso a tratamentos inovadores. “O objetivo é elaborar um portfólio de antirretrovirais de primeira linha, que sejam de interesse do Ministério da Saúde para que possamos distribuí-los no SUS. Nossa preocupação é com a qualidade de vida das pessoas. Neste sentido, redução de comprimidos significa menos eventos adversos para os pacientes que vivem com HIV/Aids”, explica.

Aliança Estratégica
A cooperação propiciará benefícios para os pacientes, tais como acesso a tratamentos modernos, redução de comprimidos e menos efeitos adversos, o que melhora a adesão. A Aliança Estratégica vai gerar economia aos cofres públicos com redução dos custos de aquisição de medicamentos, o que diminui a dependência do Programa de HIV/Aids por insumos importados, em médio e longo prazo. Outro objetivo é trazer para o Brasil mais conhecimento na fabricação desses produtos, que são estratégicos para o SUS, o que fortalece o Complexo industrial da Saúde Brasileira, contribuindo ainda para a geração de emprego e renda no país.

Os parceiros
A GSK é uma empresa global de saúde com foco em ciência e com um propósito especial de ajudar as pessoas a fazer mais, sentir-se melhor e viver mais. Há mais de três décadas, tem colaborado com o governo brasileiro, apoiando o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e estabelecendo diversas Alianças Estratégicas, desde Transferências de Tecnologia até colaborações de Pesquisa & Desenvolvimento, com diferentes instituições. A companhia trouxe para o Brasil, em 1991, o primeiro medicamento antirretroviral do mundo, o AZT, para fornecimento ao Ministério da Saúde.

A ViiV Healthcare foi criada em 2009, a partir de uma joint venture entre a GSK e a Pfizer, formando uma companhia global dedicada exclusivamente a tratamentos para o HIV. Em 2012, a japonesa Shionogi completou a sociedade. Atualmente, a GSK detém 76,5% de participação na empresa. Como líder em pesquisa e desenvolvimento de tratamentos para o HIV, a ViiV Healthcare possui operações em mais de 50 países. A GSK é o distribuidor da ViiV Healthcare no Brasil.

Farmanguinhos é uma unidade técnico-científica da Fiocruz, que atua de forma multidisciplinar nas áreas de educação, pesquisa, inovação tecnológica e produção de medicamentos. Maior laboratório farmacêutico oficial vinculado ao Ministério da Saúde, a unidade é mais do que uma fábrica, é um instituto de ciência e tecnologia em saúde. Além de pesquisar, desenvolver e produzir medicamentos essenciais para a população brasileira, Farmanguinhos se destaca ainda na luta pela redução de custos desses produtos, permitindo a ampliação ao acesso de mais pessoas aos programas de saúde pública.

Fonte: Fiocruz