Alzheimer: tecnologias ajudam no diagnóstico precoce

Alzheimer: tecnologias ajudam no diagnóstico precoce

Cerca de 2 milhões de brasileiros são acometidos com alguma demência, doenças que afetam as atividades cerebrais e dificultam a cognição. Desse total, por volta de 40% a 60% correspondem a pessoas com a Doença de Alzheimer, de acordo com dados de 2019  da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). 

Comum em pessoas a partir dos 65 anos, o Alzheimer acomete o sistema nervoso e causa a morte dos neurônios, comprometendo a memória, a capacidade de linguagem e o comportamento do paciente. “O sintoma mais comum é, disparadamente, a queixa de memória. Normalmente, o paciente começa a ter a perda para fatos mais recentes, e na fase mais avançada da doença pode ter outros tipos de alteração que vão desde apraxia, que é a organização das respostas motoras, até alteração no olfato, no sono e nos sinais motores”, explica o Dr. Júlio Pereira, neurologista da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Quando a perda de memória começa a ser um incômodo para o paciente e seus familiares, é o momento de procurar ajuda médica. “É necessário buscar por um especialista para que seja feita uma avaliação. De forma geral, o diagnóstico do Alzheimer é clínico, mas alguns exames de imagem evoluíram muito nos últimos anos, como a ressonância iPet funcional, que ajuda a observar o funcionamento do cérebro, dando uma diretriz importante para o médico”, comenta o especialista. 

“Também cresceu muito o papel dos marcadores de líquor, como outros tipos de biomarcadores de depósito de Tau. Isso tem evoluído, principalmente por ser uma doença degenerativa, para a qual sabemos que quanto antes for diagnosticada, melhor poderá ser o desfecho do paciente, no sentido de qualidade de vida, e para o desenvolvimento de novas drogas e medicações”, acrescenta o médico. 

Apesar de não haver cura, os tratamentos com acompanhamento médico podem amenizar os sintomas e retardar a evolução da doença, principalmente quando detectada em sua fase inicial. Para tal, o diagnóstico e as intervenções devem ser realizadas por um geriatra ou neurologista.

Uma das recentes inovações para o diagnóstico precoce do Alzheimer é o aplicativo Altoida, um teste rápido, não invasivo e indolor que avalia, por meio de um tablet, os dados para identificar o risco de um paciente desenvolver a doença, até dez anos antes dos primeiros sintomas. Desenvolvido por neurocientistas na Suíça, e disponibilizado no Brasil pela Oncoprod Sar, permite que o médico teste e avalie as habilidades funcionais dos pacientes, usando avançados algoritmos e inteligência artificial. 

“A ferramenta Altoida também abre a possibilidade de fazermos acompanhamentos populacionais com grande número de pessoas, observar como elas envelhecem, detectar precocemente e alertá-las sobre o declínio que eventualmente possa ocorrer, pois é um exame simples e fácil de ser utilizado pelos pacientes e médicos que os acompanham”, relata o Dr. Ivan Okamoto, neurologista que tem acompanhado pacientes com demência e Doença de Alzheimer nos últimos anos.

Mais qualidade de vida, menos estresse
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelo paciente com Alzheimer e seus cuidadores, Dr. Júlio Pereira aponta o estresse como um dos principais problemas. Para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, é preciso ter uma boa logística familiar para lidar com os desdobramentos da doença, que não tem cura, é progressiva e necessita de cuidados especiais. 

“Tem de se pensar no curto prazo, nos problemas imediatos que precisam ser resolvidos com o acompanhamento de um neurologista.  Sabemos que a reabilitação, a fisioterapia e a atividade física melhoram muito a qualidade de vida dos pacientes. E imaginar as necessidades de longo prazo, por se tratar de um paciente que potencialmente vai ficar dependente. Pensar em uma organização familiar que não sobrecarregue nenhum dos indivíduos, e isso vai claramente se refletir no paciente, que tem a demência mas está consciente sobre os acontecimentos”, conclui.

Estudo aponta os efeitos da covid-19 no sistema nervoso central
A evidência crescente do impacto do SARS-CoV-2 no sistema nervoso central (SNC) levanta questões-chave sobre o seu impacto no risco de declínio cognitivo na vida adulta, Doença de Alzheimer e outras demências. 

Essa questão é abordada na pesquisa “As sequelas neuropsiquiátricas crônicas de COVID ‐ 19: A necessidade de um estudo prospectivo do impacto viral no funcionamento do cérebro”, publicada este ano pela Alzheimer’s Association, para compreender melhor as consequências de longo prazo que podem afetar o cérebro, a cognição e o funcionamento - incluindo a biologia subjacente que pode contribuir para o Alzheimer e outras demências. Para acessar o conteúdo na íntegra, clique aqui.

Crédito da imagem: dragana-gordic - Freepik.