Câncer de ovário: é possível evitar essa doença de difícil diagnóstico?

Câncer de ovário: é possível evitar essa doença de difícil diagnóstico?

Apesar do câncer de ovário não estar entre os mais incidentes no Brasil, é o tipo de tumor ginecológico com a maior mortalidade: cerca de 45%, em razão do diagnóstico tardio, na maioria dos casos. Como seus sintomas são silenciosos, 75% das pacientes descobrem a doença em estágio avançado, quando a doença já acometeu outros órgãos. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados 6.650 novos casos do câncer de ovário no país, sendo registrados, aproximadamente, 4 mil mortes em 2020.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), de 50 mil a 90 mil casos de câncer podem ter ficado sem diagnóstico no Brasil apenas nos dois primeiros meses de pandemia. O impacto será sentido ao longo dos próximos anos. 

De difícil diagnóstico, é preciso “fazer barulho” para que cada vez mais mulheres tenham conhecimento sobre esse tipo de câncer e os sintomas, sendo essa a proposta do Dia Mundial do Câncer de Ovário (08/05), criado por ONGs internacionais para incentivar a troca de informações e oferecer conhecimento sobre os perigos desse problema silencioso.

Atenção aos sinais e aos riscos
“Os primeiros sintomas costumam ser inchaço e dor no abdômen e na região pélvica, dores nas costas e mudança no hábito urinário ou intestinal, como indigestão, prisão de ventre ou diarreia. O diagnóstico precoce é possível com a realização de exame clínico periódico, exames laboratoriais e de imagem”, explica o Dr. Tiago Kenji Takahashi, diretor técnico do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula.

Entretanto, o INCA alerta que a identificação da doença em seu estágio inicial é possível em apenas parte dos casos, já que a maioria costuma apresentar sinais e sintomas quando o câncer está avançado. 

Além disso, é muito comum que os sinais do câncer de ovário sejam confundidos com outros problemas, principalmente os gastrointestinais. Daí a importância de que ao menor indício a paciente procure um médico, que irá solicitar os procedimentos necessários para fazer a análise do caso.

Mulheres com histórico de câncer na família têm mais chances de desenvolver o tumor. As que têm mais de 50 anos ou que são inférteis, nunca tiveram filhos, que tiveram a primeira menstruação antes dos 12 anos ou estão com excesso de peso corporal também devem se atentar a esses fatores de risco. 

Prevenção e tratamento
Consultar um médico regularmente e estar atenta às condições que aumentam as chances de desenvolver a doença são as melhores formas de evitar o problema.  

Quando o diagnóstico é confirmado, o tratamento é feito com sessões de quimioterapia ou cirurgia, dependendo das condições clínicas da mulher. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova terapia oral para o tratamento de manutenção do câncer de ovário no Brasil. O Zejula (niraparibe), da farmacêutica GSK, é indicado para pacientes com câncer de ovário recém-diagnosticadas ou nas quais a doença retornou, que fizeram quimioterapia à base de platina e tiveram resposta completa ou parcial a esta terapia.

"O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum entre mulheres no Brasil e, para a maioria das pacientes, são limitados os tratamentos com a eficácia em reduzir o risco de morte ou progressão (1,2). Por ser uma doença com sintomas silenciosos, o diagnóstico tardio é uma realidade nos consultórios. A chegada de Zejula amplia muito o grupo de pacientes que poderão se beneficiar do uso dos inibidores da PARP e consequente controle da doença", declara o Dr. Fernando Maluf, diretor do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital BP Mirante de São Paulo.

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