Câncer: perspectiva de novos tratamentos

Câncer: perspectiva de novos tratamentos

Com a pandemia do novo coronavírus, a luta contra o câncer ganhou novas perspectivas. De um lado, houve uma redução nas cirurgias e exames preventivos, em um primeiro momento por recomendação dos próprios médicos, e depois, quando clínicas e hospitais estavam mais preparados, os pacientes recuaram por medo de contrair o vírus. 

Acredita-se que o atual cenário também pode impactar nos tratamentos oncológicos, já que muitos estudos clínicos para novos medicamentos foram suspensos ou adiados. “A indústria farmacêutica vai mudar e isso irá repercutir na oncologia. Já houve impacto na pesquisa básica e os estudos de bancada foram retirados”, diz o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas.

A cada ano, o problema atinge milhares de pessoas. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram 626.030 novos casos no Brasil, somente em 2020. Nesse sentido, é celebrado o Dia Mundial de Luta contra o Câncer (08/04), criado pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC) para marcar o enfrentamento contra a enfermidade, chamando a atenção das pessoas sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Cerca de 8 milhões de pessoas morrem no mundo devido aos diferentes tipos da doença, sendo que um terço desse total poderia ser evitado com a detecção antecipada do tumor e com tratamento, de acordo com informações do Instituto Ronald McDonald. 

Tipos mais comuns no Brasil
Denomina-se câncer o problema que atinge um grupo de células do corpo que passam a apresentar um crescimento e multiplicação anormal, formando nódulos, conhecidos como tumores. A patologia é causada por alguma alteração genética do paciente. Estima-se que existam mais de 200 diferentes espécies.

De acordo com dados divulgados em 2020 pelo INCA, até 2022, a estimativa é que no Brasil surgirão 625 mil novos casos, sendo o de pele não melanoma o mais incidente (177 mil), seguido pelo de mama e próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). 

As variadas formas da doença são chamadas de carcinomas quando surgem nos tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, e de sarcomas quando têm origem nos tecidos conjuntivos, como osso, músculo e cartilagem. Também se diferenciam pela velocidade com a qual as células se multiplicam e pela capacidade de afetar tecidos e outros órgãos, ação que caracteriza a metástase. 

É possível prevenir?
De maneira geral, a maioria dos tipos pode ser evitada com a adoção de medidas preventivas e mudança de hábitos que favoreçam um estilo de vida saudável. Praticar regularmente atividades físicas, manter uma alimentação variada baseada no consumo de ingredientes naturais, como frutas, verduras, legumes e muita fibra, não ingerir bebidas alcoólicas, não fumar e estar em dia com o peso corporal são ações que contribuem para melhorar a qualidade de vida e, consequentemente, evitar o desenvolvimento de uma série de distúrbios, inclusive o câncer. 

Também é fundamental visitar o médico regularmente e realizar exames periódicos. O check-up anual, por exemplo, é uma boa forma de controlar o estado geral da saúde e detectar um possível tumor de forma precoce, aumentando muito as chances de cura da doença, com o devido acompanhamento médico.

Novidades em tratamentos
Cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea são algumas das principais formas de tratamento para diferentes cânceres. Muitas vezes, é preciso combinar mais de uma modalidade de terapia para combater o problema. 

Mesmo com a suspensão ou prorrogação de alguns estudos clínicos para novos medicamentos, por conta da pandemia, há indícios de que outras pesquisas podem avançar. As vacinas de mRNA, desenvolvidas pela Pfizer e Moderna, que se tornaram conhecidas por sua eficácia contra a covid-19, já estavam sendo estudadas pelo seu uso na terapêutica do câncer. No entanto, até agora não havia resultados positivos. 

Entretanto, cientistas do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia da China (NCNST) desenvolveram um hidrogel para entregar uma vacina de mRNA com um adjuvante imunoestimulante. Quando injetada em camundongos com melanoma, a vacina permaneceu ativa por pelo menos 30 dias, inibindo o crescimento do tumor e evitando metástases. O estudo foi publicado pelo jornal Nano Letters, da American Chemical Society. 

“Os resultados mostraram que o sistema de entrega de hidrogel tem potencial para ajudar as vacinas de mRNA a alcançar efeitos antitumorais de longa duração como a imunoterapia contra a doença. Ou seja, o hidrogel libera lentamente nanovacinas de mRNA, que ‘escolhe’ os tumores e os impede de crescer”, afirma o Dr. Carlos Gil Ferreira. “Sem dúvida, é uma perspectiva animadora para o tratamento do câncer”, conclui o médico.

Crédito da imagem: sewcream - Freepik.