Dengue: a proximidade do verão pede cuidados!

Dengue: a proximidade do verão pede cuidados!
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus pertencente à família Flaviviridae, do gênero Flavivírus. O vírus da dengue apresenta quatro sorotipos, em geral, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Esses também são classificados como arbovírus, ou seja, são normalmente transmitidos por mosquitos. No Brasil, os vírus da dengue são transmitidos pela fêmea do mosquito Aedes aegypti (quando também infectada pelos vírus) e podem causar tanto a manifestação clássica da doença quanto a forma considerada hemorrágica.
 
O Aedes aegypti tem se caracterizado como um inseto de comportamento estritamente urbano, sendo raro encontrar amostras de seus ovos ou larvas em reservatórios de água nas matas. Devido à presença do vetor no ciclo de transmissão da doença, qualquer epidemia de dengue está diretamente relacionada à concentração da densidade do mosquito, ou seja, quanto mais insetos, maior a probabilidade de elas ocorrerem. Por isso, é importante conhecer os hábitos do mosquito, a fim de combatê-lo como forma de prevenção da doença.
 
Os ovos não são postos diretamente na água limpa, mas milímetros acima de sua superfície, em recipientes tais como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos de vasos de plantas ou qualquer outro que possa armazenar água de chuva. Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos e esses eclodem em poucos minutos. 
 
As fêmeas costumam viver dentro das casas em ambientes escuros e baixos (sob mesas, cadeiras, armários etc.), onde podem ser encontradas temperaturas (que variam entre 24 e 28°C) e umidades apropriadas para o mosquito adulto. Alimentam-se da seiva de plantas e picam o homem em busca de sangue para maturar seus ovos. Em média, cada mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos a cada ciclo de oviposição, que compreende de quatro a cinco dias. Apesar da cópula com o macho ser realizada, em geral, uma única vez, a fêmea é capaz de realizar inúmeras posturas de ovos no decorrer de sua vida, já que armazena os espermatozóides em suas espermatecas (reservatórios presentes dentro do aparelho reprodutor). 
Uma vez contaminada com o vírus da dengue, após um período de oito a 12 dias de incubação, a fêmea torna-se vetor permanente da doença. Calcula-se que haja uma probabilidade entre 30 e 40% de chances de suas crias já nascerem também infectadas.
 
A doença no Brasil apresenta ciclos endêmicos e epidêmicos, com epidemias explosivas ocorrendo a cada quatro ou cinco anos. Desde a introdução do vírus no País (1981) mais de sete milhões de casos já foram notificados. Nos últimos dez anos, têm-se observado, além do elevado número de casos, o aumento da gravidade da doença e, consequentemente, de hospitalizações. 

Este ano, até a SE 7 ocorreram 90.335 casos prováveis de dengue (taxa de incidência de 42,3 casos por 100 mil habitantes) no Brasil. Em comparação com o ano de 2021, houve um aumento de 43,2% de casos registrados para o mesmo período analisado.

Sintomas da dengue 

A doença pode ser assintomática ou pode evoluir até quadros mais graves, como hemorragia e choque. Na chamada dengue clássica, que deve ser notificada, a primeira manifestação é febre alta (39° a 40°C) e de início abrupto, usualmente seguida de dor de cabeça ou nos olhos, cansaço ou dores musculares e ósseas, falta de apetite, náuseas, tonturas, vômitos e erupções na pele (semelhantes à rubéola). A doença tem duração de cinco a sete dias (máximo de dez), mas o período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física, e prolongar-se por várias semanas.

No que se refere à forma mais grave da enfermidade, conhecida como febre hemorrágica da dengue, os sintomas iniciais são semelhantes, porém há um agravamento do quadro no terceiro ou quarto dia de evolução, com aparecimento de manifestações hemorrágicas e colapso circulatório. Nos casos graves, o choque geralmente ocorre entre o terceiro e o sétimo dia de doença, geralmente precedido por dor abdominal. 

O tratamento é realizado a base de analgésicos e antitérmicos.  Indica-se hidratação oral com aumento da ingestão de água, sucos, chás, soros caseiros etc. Não devem ser usados medicamentos com ou derivados do ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios derivados (como a dipirona), por aumentar o risco de hemorragias. No que se refere à dengue hemorrágica, o tratamento é realizado a partir de internação hospitalar do paciente.

Prevenção da dengue

A prevenção da doença pode ser feita de duas formas. Uma pela redução ou controle de infestação pelo mosquito, medida que tem sido promovida e realizada nos últimos anos pelo Ministério da Saúde (MS), que sempre solicita ajuda e conscientização da população. A outra seria a utilização de uma vacina eficaz. No entanto, ainda não está disponível para aplicação em larga escala uma vacina tetravalente, ou seja, a qual deverá imunizar contra os quatro tipos de vírus dengue. Os resultados até então obtidos não permitem definir com certeza quando as vacinas estarão disponíveis para a doença, restando como alternativa às medidas de combate aos vetores.

Fontes: cpqrr.fiocruz.br / saudedoviajante.pr.gov.br
Crédito da imagem: iStock.com/auimeesri