Dia Mundial do Coração: como anda o seu?

Dia Mundial do Coração: como anda o seu?

Atualmente, de acordo com informações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 245.397 vidas foram perdidas como consequência de patologias cardiovasculares. Segundo a SBC, estima-se que, ao final de 2020, quase 400 mil brasileiros morrerão por causa desse tipo de disfunção.

Durante o mês de setembro inteiro, a organização se dedica a conscientizar a população sobre a importância de cuidar desse órgão vital. Pensando nisso, aproveitamos que dia 29 de setembro é Dia Mundial do Coração para explicar mais sobre o assunto e ajudar você a saber mais sobre prevenção dessas condições.

Doenças cardiovasculares e suas causas
A Dra. Cláudia Bernoche, cardiologista do Hospital 9 de Julho, explica que esses problemas são um grupo de enfermidades do coração e dos vasos sanguíneos representado principalmente pela doença coronariana (responsável da maioria dos infartos do miocárdio), cerebrovascular (desencadeante de acidentes vasculares cerebrais) e arterial periférica (problema nos vasos que irrigam os membros).

“Causadora da perda de 18 milhões de vidas, conforme dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 85% deste grupo é representado por duas condições principais: o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC)”, complementa.

A cardiologista ainda explica que a principal causa desses problemas é o desenvolvimento de aterosclerose, isto é o estreitamento do lúmen dos vasos sanguíneos junto secundário à formação de placas de gordura que se acumulam no seu interior e dificultam a passagem de sangue. 

Felizmente, de acordo com Dra. Cláudia, a progressão da aterosclerose e envelhecimento pode ser retardados por meio da adoção de hábitos de vida saudáveis como:

- Fazer atividade física regular;
- Manter uma alimentação balanceada;
- Parar de fumar;
- Diminuir o consumo de álcool;
- Controlar fatores de risco (diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica).

“O estudo INTERHEART demonstrou que aproximadamente 90% dos infartos miocárdicos podem ser prevenidos com a adoção de um estilo de vida equilibrado. Se for necessário recorrer a tratamento, é porque algo falhou (seja o sistema de saúde, o paciente ou ambos)”, afirma a cardiologista.

Tratamento e diagnóstico
A cardiologista orienta que o melhor tratamento é a prevenção primária. “O objetivo é a diminuição da carga dos fatores de risco para evitar o desenvolvimento. Contudo, nos casos em que já está presente, o objetivo torna-se impedir um novo evento”, acrescenta.

É importante entender que há fatores de risco modificáveis e não modificáveis, segundo a médica. 

Não modificáveis: são aqueles sobre os quais nós não temos controle (sexo, idade, genética);

Modificáveis: aqueles nos quais o controle pode depender das nossas atitudes, como uso adequado da medicação, dieta, atividade física e visitas regulares ao médico quando necessário, além do controle dos fatores de risco como mencionados acima. 

“As intervenções que têm demonstrado maior impacto são  aquelas que levam em conta muito do envolvimento pessoal na busca por um modo de vida que incorpore a atividade física regular e a alimentação saudável”, esclarece.

O diagnóstico pode ser feito pela suspeita clínica, partindo da queixa que o paciente traz até o médico e do exame físico, mas por vezes, devido a progressão lenta da aterosclerose, são silenciosas.

“No início não causam sintomas relevantes, assim o indivíduo não apresenta desconforto nenhum, mas pode, ao exemplo da hipertensão, estar com níveis pressóricos elevados. Nesses casos, o papel das visitas médicas regulares torna-se ainda mais relevante”, diz Dra. Cláudia.

Como manter o seu coração saudável?
A cardiologista do Hospital 9 de Julho deu as principais dicas para manter o seu coração saudável e aumentar sua qualidade de vida. Confira!

- Se manter ativo: fazer aproximadamente 150 minutos de atividade física aeróbica de moderada intensidade por semana (ou um total de 30 minutos por dia);
- Consumo diário de frutas e vegetais;
- Parar de fumar;
- Comer peixe duas vezes por semana;
- Reduzir o sal na dieta: menos de 6 g de sal por dia (1 colher de chá);
- Visitar o médico regularmente e manter os exames em dia.

Referências - Informadas pela Dra. Cláudia Bernoche, cardiologista do Hospital 9 de Julho
- Organização Mundial da Saúde. (2020). Cardiovascular diseases. Recuperado 7 agosto 2020, de https://www.who.int/westernpacific/health-topics/cardiovascular-diseases.
- Organização Mundial da Saúde. Global Status Report on noncommunicable diseases 2014. Geneva: WHO, 2014.
- American Heart Association. (2020). Atherosclerosis. Recuperado 7 agosto 2020, de https://www.heart.org/en/health-topics/cholesterol/about-cholesterol/atherosclerosis
- Libby, P., Buring, J.E., Badimon, L. et al. Atherosclerosis. Nat Rev Dis Primers 5, 56 (2019). https://doi.org/10.1038/s41572-019-0106-z
- Yusuf, S., Hawken, S., Ôunpuu, S., Dans, T., Avezum, A., & Lanas, F. et al. (2004). Effect of potentially modifiable risk factors associated with myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART study): case-control study. The Lancet, 364(9438), 937-952. doi: 10.
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- Herrington, W., Lacey, B., Sherliker, P., Armitage, J. Lewington, S. Epidemiology of Atherosclerosis and the Potential to Reduce the Global Burden of Atherothrombotic Disease. Circ Res. 2016;118:535-546. DOI: 10.1161/CIRCRESAHA.115.307611.

Créditos da imagem: Sezeryadigar - iStock