Epilepsia: o que você sabe sobre o assunto?

Epilepsia: o que você sabe sobre o assunto?

“Uma relação permeada pelo acolhimento e nunca pelo preconceito”. É dessa forma que o Dr. Tiago Sowny, neurologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, define como deve ser o contato da sociedade com os pacientes com epilepsia, uma doença que afeta o sistema nervoso central, caracterizada por descargas de neurônios de maneira síncrona, desencadeando sintomas neurológicos como tremores, desmaios, perda de sensibilidade e formigamentos. 

“Dada à diversidade da manifestação, ela pode ter tanto fenômenos que chamamos de localizados, que é o tremor de um braço ou de uma perna, a perda de um campo visual ou ainda fenômenos generalizados, que podem vir acompanhados ou não de perda de consciência”, explica o neurologista.

Para ajudar a combater o preconceito que existe com as pessoas acometidas pela epilepsia - cerca de 3 milhões de brasileiros, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e promover a conscientização da população sobre a doença, é comemorado na segunda segunda-feira do mês de fevereiro o Dia Internacional da Epilepsia, em mais de 120 países. A data também tem como proposta destacar os problemas enfrentados pelos pacientes e por seus familiares e cuidadores, para desmistificar o preconceito e disseminar informações sobre uma das condições mais antigas que atingem o ser humano. 

“É preciso sempre reforçar também nesta data a importância do acompanhamento médico, pois existe epilepsia com origem de doenças genéticas, causas tumorais, consequências de AVC, controláveis com medicação e outras que exigem cirurgia”, reforça Dr. Tiago. “Na maioria das vezes é realizada uma medicação anticonvulsivante por via oral, administrada pelo médico. Esse cenário pode mudar em abordagens no pronto-socorro. Dependendo do grau da crise, pode ser usada medicação intravenosa ou mesmo ser necessária a entubação”, acrescenta.

Crises e cuidados
Como saber se uma pessoa tem epilepsia? De acordo com o Dr. Tiago, o diagnóstico é feito por meio de uma avaliação com o neurologista a partir da história clínica do paciente, que relata os sintomas. “Entretanto, para confirmar e definir o diagnóstico é preciso pelo menos dois eventos sem uma explicação clara. Isso porque o paciente pode ter uma crise convulsiva decorrente de outra doença neurológica, por exemplo”. 

Existe diferença entre as crises. O mais comum é que cada uma dure de dois a cinco minutos com a recuperação completa do nível de consciência. Entretanto, em casos mais graves pode levar mais de cinco minutos, ocorrer mais de uma vez ao dia sem a recuperação completa da consciência ou, ainda, várias vezes no mesmo dia. 

“Em crises focais, o paciente geralmente se refere ao sintoma específico, que pode vir com um ‘aviso’ capaz de sinalizar de que ele passará mal. Mas, não existe somente um tipo de crise focal, ela pode ser motora, sensorial, autonômica (taquicardia, palpitação, náusea e enjoo) e até causar sensação de medo”, explica o médico.

Sobre a melhor forma de lidar com alguém que estiver passando por uma crise de epilepsia, Dr. Tiago aconselha que o paciente seja colocado de lado e seja observado até o término da crise. “Essa posição evita que, caso ocorra vômito, não haja aspiração para as vias aéreas. Também é importante não colocar pano na cabeça do paciente, a mão na boca ou mesmo jogar água para acordá-lo. E se a crise persistir, chame uma ambulância”, afirma. “Caso seja a primeira vez, é indicado levar a pessoa, mesmo recuperada, ao hospital para uma avaliação médica”, finaliza. 

Crédito da imagem: ThitareeSarmkasat - iStock.