Glaucoma: quais são os sintomas e como tratar?

Glaucoma: quais são os sintomas e como tratar?

O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, instituído em 26 de maio, tem como principal objetivo conscientizar a população sobre os riscos que a doença traz para a visão.

Segundo a médica oftalmologista Dra. Heloisa Russ, especialista em glaucoma, a patologia é assintomática, ocorrendo sem a manifestação de sintomas perceptíveis, que afeta o nervo óptico e, quando não tratada é capaz de levar à cegueira.

“Por isso, é importante realizar exames oftalmológicos periodicamente, já que o problema piora com o passar do tempo”, alerta.

Atualmente, o glaucoma é considerado a principal causa da perda da visão irreversível no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que são registrados 2,4 milhões de novos casos anualmente, totalizando 60 milhões de pessoas ao redor do mundo.

Somente no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma, atinge 2% dos brasileiros com idade acima de 40 anos. “Crianças também podem ser acometidas, porém esses casos são mais raros”, adiciona Dra. Heloisa.

Conheça os tipos de glaucoma

A médica explica que a causa do glaucoma é o aumento da pressão intraocular que acontece quando existe acúmulo de fluido, o qual tem como função carregar nutrientes para o cristalino e para a córnea e manter a tensão ocular seja pela ampliação da produção ou diminuição da drenagem. Os principais tipos da enfermidade são:

  • Primário de ângulo aberto: a pressão intraocular sobe lentamente devido uma drenagem do líquido ocular menos eficiente que o normal. É assintomático e o mais comum, responsável por 90% dos casos;
  • Pressão normal: ocorre dano ao nervo óptico, sem elevação da pressão intraocular a níveis superiores do considerado comum. As razões ainda são desconhecidas, porém, entre os que apresentam maior risco para essa forma são: pessoas com história familiar de glaucoma de pressão normal, de descendência japonesa e aquelas com história de doença cardiovascular;
  • Ângulo fechado: o ângulo entre a íris e a córnea é mais estreito que o normal, o que dificulta a drenagem do líquido intraocular, ocasionando aumento súbito da pressão. Nesse tipo há alguns sintomas como: dores de cabeça e nos olhos, náuseas, arco-íris em torno de luzes à noite e visão muito turva, de aparição intermitente;
  • Congênito: condição rara que pode ser herdada ou causada pelo desenvolvimento incorreto do sistema de drenagem ocular antes do nascimento, que conduz a uma pressão elevada a qual danifica o nervo óptico. Acomete bebês e crianças pequenas e geralmente é diagnosticado dentro do primeiro ano de vida. Os sintomas incluem: olhos aumentados (conhecido como buftalmo), lacrimejamento excessivo, opacidade da córnea e fotossensibilidade (sensibilidade à luz);
  • Secundário: quando tem origem em outra doença que causa ou contribui para o aumento da pressão intraocular, provocando o dano do nervo óptico e perda de visão. Pode ocorrer como resultado de trauma ocular, inflamação, tumor, uso de colírios ou sistêmicos, ou em casos avançados de cataratas ou diabetes.

Quais são os fatores de risco da doença?

De acordo com Dra. Heloisa, os fatores de risco são:

  • Miopia elevada;
  • Pressão intraocular aumentada;
  • Idade acima de 40 anos;
  • Negros são mais propensos do que pessoas caucasianas, asiáticas e latinas;
  • Histórico familiar;
  • Uso abusivo de medicamentos à base de corticosteroides;
  • Espessura corneana fina;
  • Patologias no olho, como alguns tumores, descolamento de retina e inflamações.

Além disso, entre os principais fatores de risco estão o diabetes, problemas cardíacos, distúrbios vasculares (hipertensão e hipotensão arterial), hipertireoidismo e apneia do sono. “Estudos apontam que indivíduos portadores de diabetes e hipertensão arterial estão mais propensas ao glaucoma”, destaca Dra. Heloisa.

Como funcionam o diagnóstico e o tratamento?

A especialista explica que o diagnóstico é feito por meio da medição da pressão intraocular, conhecido como tonometria, e avaliação do nervo óptico que deve ser realizada pela retinografia e/ou estereofotografia de papila.

“Associa-se ainda exames para avaliação anatômico-estrutural como o OCT (tomografia de coerência óptica) que analisa a camada de fibras nervosas e funcionais, como a campimetria computadorizada”, acrescenta a oftalmologista.

Para tratar essa condição é preciso reduzir a pressão intraocular, por meio de colírios, laser ou cirurgia. “Quando os colírios ou o laser não são suficientes para alcançar o controle da pressão ocular, o médico pode sugerir a realização de cirurgia”, finaliza a médica.