Herpes-zóster: cerca de 20% das pessoas podem ter a doença em algum momento da vida

Herpes-zóster: cerca de 20% das pessoas podem ter a doença em algum momento da vida
O herpes-zóster (HZ), conhecido popularmente pelos nomes cobreiro ou zona, é uma doença infecciosa provocada pelo vírus Varicella-Zoster (Human Herpesvirus-3 – HHV-3), o mesmo que causa a catapora (varicela).
 
Apesar de ser o mesmo vírus, tecnicamente o herpes-zóster não é catapora. Os sintomas, a epidemiologia e as complicações são bem diferentes. É a mesma infecção, mas não é exatamente a mesma doença.
 
O herpes-zóster também não tem a ver com o herpes labial ou herpes genital. Os nomes são semelhantes e eles são causados por vírus da mesma família, Herpesviridae, mas herpes-zóster e herpes são duas doenças completamente distintas.
 
Como surge o herpes-zóster?
 
Quando somos expostos ao vírus Varicella-Zoster pela primeira vez, fato que ocorre habitualmente durante a infância, desenvolvemos catapora, que é uma doença que se caracteriza por febre e erupções avermelhadas por todo o corpo.
 
Após uma ou duas semanas de sintomas, o nosso sistema imunológico consegue criar anticorpos, controla a replicação do vírus e a doença desaparece espontaneamente. O problema é que a cura dos sintomas não é necessariamente a cura do vírus.
 
Durante a fase inicial da catapora, o vírus invade as terminações nervosas da pele e migra até algumas cadeias de gânglios localizadas próximo à medula espinhal e ao cérebro, conseguindo, assim, permanecer “escondido” do sistema imunológico por períodos que podem durar décadas.
 
O paciente, portanto, cura-se da catapora, mas permanece infectado pelo vírus Varicella-Zoster pelo resto da vida.
 
Em geral, isso não é um problema, pois toda vez que o vírus tenta sair do seu “esconderijo” nos gânglios nervosos, o nosso sistema imunológico, que agora possui anticorpos específicos contra o vírus Varicella-Zoster, consegue impedi-lo. 
 
O paciente mantém o vírus encurralado, não apresenta sintoma e nem é capaz de transmiti-lo para outras pessoas.
 
Entretanto, a nossa batalha contra o Varicella-Zoster depende de um sistema imunológico forte. O vírus pode ficar décadas à espera de um evento que provoque enfraquecimento imunológico para voltar a se multiplicar.
 
Quando isso ocorre, a reativação do Varicella-Zoster não provoca um novo quadro de catapora, mas sim uma doença diferente, chamada herpes-zóster.
 
Sintomas do herpes-zóster
 
Quando o vírus é reativado, ele faz o caminho inverso, viajando do nervo de volta à pele. Ao chegar à pele, provoca as lesões típicas do herpes-zóster: múltiplas vesículas (bolhas) avermelhadas, que ficam restritas a uma pequena zona do corpo, exatamente aquela que é inervada pelos nervos que “escondiam” o vírus.
 
A forma como as lesões do herpes-zóster se agrupa, geralmente em “faixa” e nunca ultrapassando a linha média do corpo, é a característica mais importante para o diagnóstico da infecção.
 
Para entender o porquê da lesão pelo herpes-zóster ter esse comportamento é preciso conhecer um pouco sobre a anatomia da medula espinhal e seus nervos. 
 
A medula espinhal está conectada ao cérebro, possui mais ou menos 45 cm de comprimento e fica dentro da coluna vertebral. Ela vai da primeira vértebra cervical, lá em cima do pescoço, até a segunda vértebra lombar.
 
Ao longo da medula saem vários plexos de nervos periféricos para todo o corpo, que são responsáveis pela inervação de regiões específicas. Cada região do corpo que recebe um ramo dos nervos oriundos da medula é chamada dermátomo.
 
A área acometida pelo herpes-zóster costuma apresentar sensação de queimação ou formigamento durante um ou dois dias antes das lesões surgirem. Também são comuns sintomas gerais de virose, tais como febre e mal-estar.
 
Quando o herpes-zóster aparece, ele costuma começar como uma erupção bem dolorosa e avermelhada, evoluindo rapidamente para as típicas vesículas (bolhas). 
 
A região torácica, abdominal e lombar são as mais acometidas.
 
As vesículas vão surgindo ao longo de três a cinco dias, geralmente aliviando após sete a dez dias, quando as bolhas secam e começam a formar crostas. As lesões e a dor podem demorar até um mês para desaparecem completamente. Em alguns casos, a lesão do zóster deixa cicatriz.
 
Ao contrário da catapora, que aparece apenas uma vez na vida, o herpes-zóster pode recidivar sempre que houver uma queda da imunidade do paciente.
 
Formas de transmissão do herpes-zóster
 
O paciente com zóster ativo é contagioso apenas para as pessoas que nunca tiveram catapora, ou seja, para aquelas que nunca foram infectadas pelo vírus Varicella-Zoster.
 
Quem nunca teve catapora, caso entre em contato com algum paciente com cobreiro, irá desenvolver catapora e não herpes-zóster, pois a primeira é sempre a forma inicial de contaminação por esse vírus.
 
As lesões são altamente contagiosas e a transmissão do vírus se dá, habitualmente, por meio de mãos infectadas pelas lesões (basta coçar ou tocar na lesão para a haver risco de contaminação das mãos).
 
É bom reforçar que a doença herpes-zóster em si não é transmissível. Ninguém desenvolve herpes-zóster sem antes ter tido catapora.
 
Se você tem cobreiro e julga que nunca teve catapora na infância, o mais provável é que a sua catapora tenha sido tão branda, que ela passou despercebida ou foi confundida com qualquer outra virose comum.
 
O fato é que para ter herpes-zóster, você precisa já ter o vírus Varicella-Zoster escondido no sistema nervoso. Ter contato com alguém com zóster não fará você tê-lo também.
 
As pessoas que já tiveram catapora ao longo da vida, ou que foram vacinadas, podem ter contato com pacientes com herpes-zóster sem risco de desenvolver qualquer doença, pois elas possuem anticorpos contra o vírus Varicella-Zoster.
 
Fatores de risco identificados
 
Até 20% dos pacientes com história de catapora na infância apresentarão pelo menos um episódio de cobreiro, que surge, geralmente, após os 50 anos de idade. 
 
Entre os pacientes com mais de 85 anos essa taxa sobe para mais de 50%.
 
O herpes-zóster surge quando há uma queda nas defesas imunológicas. Entre os fatores de risco é possível citar:
 
  • Idade acima de 50 anos;
  • Estresse físico ou psicológico;
  • Privação do sono;
  • Diabetes mellitus;
  • Câncer;
  • Quimioterapia;
  • Doenças crônicas;
  • Uso de drogas imunossupressoras;
  • HIV/AIDS.
 
Alternativas de tratamento
 
Na maioria dos casos, o herpes-zóster desaparece espontaneamente após alguns dias.
 
O tratamento com antivirais por via oral está indicado para acelerar o processo. Esses medicamentos, se iniciados nas primeiras 72 horas de doença, diminuem a severidade, a duração e os riscos de complicações do herpes-zóster.
 
Em alguns pacientes, a dor do herpes-zóster pode ser intensa, e o uso de analgésicos está indicado. Há casos em que a dor é tão intensa, que é preciso lançar mão de opioides (derivados da morfina) para o controle.
 
Fonte: mdsaude.com
Crédito da imagem: iStock.com/franciscodiazpagador