Imunização: a importância para a saúde individual e coletiva

Imunização: a importância para a saúde individual e coletiva

A vacinação é um tema que está em alta, por conta do combate à covid-19 e da necessidade de acelerar o ritmo da imunização para toda a população do país. Não é para menos. A vacina é capaz de interromper a circulação do vírus de forma controlada e sustentada, conforme explica Milton Monteiro, enfermeiro infectologista do Hospital HSANP. 

“Mas isso só é possível se uma parcela significativa da população for vacinada. Com a vacinação em massa, torna-se impossível que o Sars-CoV-2 encontre hospedeiros e, com isso, se reduz drasticamente o número de pessoas infectadas. O principal objetivo no atual momento é que toda a população vacinada desenvolva anticorpos, diminuindo a sintomatologia grave, criando uma proteção celular e prevenindo a disseminação do vírus”, detalha.

É para chamar a atenção para a importância das vacinas, tanto para o indivíduo como para a saúde coletiva, que comemora-se o Dia da Imunização (09/06). “A vacinação protege as pessoas vacinadas e as que são vulneráveis às doenças que as rodeiam, reduzindo o risco de propagação das doenças entre familiares, colegas de escola ou de trabalho, amigos, vizinhos e outras pessoas da comunidade”, reforça o enfermeiro. 

De acordo com informações do Ministério da Saúde, atualmente o Calendário Nacional de Vacinação disponibiliza 19 vacinas para mais de 20 doenças, cuja proteção tem início nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida. A imunização contempla crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. 

Como age um imunizante?
O desenvolvimento de uma vacina começa com pesquisas e análise de possibilidades, momento em que é percebido qual é o agente responsável pela doença. Depois, são feitos testes in vitro e/ou in vivo, além de análises e aplicações em animais. “Em um terceiro momento, começam os estudos em seres humanos, com a finalidade de apresentar a segurança da vacina. Na sequência, uma etapa que visa definir sua capacidade de resposta imune, outra em que pode ser comprovada a sua eficácia e, por fim, a fase em que é feita a distribuição à população após registro sanitário”, detalha Milton. 

Para saber o motivo de existir imunizantes para algumas doenças e para outras não, o enfermeiro infectologista diz que é preciso compreender que as vacinas fazem o corpo produzir anticorpos específicos para partes do vírus ou da bactéria de interesse. 

“Quando esses patógenos entram no corpo pela segunda vez, os anticorpos produzidos pela vacinação se ligam a ele em um processo chamado neutralização. Isso impede os vírus e as bactérias de entrarem e infectarem as células. Mas, para algumas doenças, a imunidade feita apenas por anticorpos não é suficiente para a proteção. No caso da AIDS, por exemplo, também é preciso que as células do sistema imune destruam as células infectadas”, afirma.

O poder da vacina
Mesmo oferecendo uma série de benefícios para a saúde, vacinas podem ser contraindicadas para algumas pessoas. As que são produzidas a partir de bactérias e vírus enfraquecidos não podem ser aplicadas em quem tem o sistema imunológico enfraquecido. 

Pessoas com alergia a ovo, por exemplo, não podem se vacinar contra a febre amarela, isto é, as vacinas fabricadas com bactérias ou vírus vivos, como a BCG, tríplice viral, catapora, poliomielite e febre amarela.  Dessa forma, esses imunizantes são contraindicados para: indivíduos imunossuprimidos, como pacientes portadores de AIDS, em quimioterapia ou transplantados; pessoas com câncer; pessoas em tratamento com corticóides em dose alta; e grávidas. 

O Brasil é reconhecido pela efetividade do seu calendário de imunização e pelas campanhas de sucesso realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, muitas pessoas, em todo o mundo, têm se negado a se imunizar ou vacinar os filhos contra algumas doenças, o que pode causar consequências para toda a população.

“Um dos exemplos mais recentes é o aumento mundial dos casos de sarampo, comprovados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a doença havia sido declarada erradicada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) em 2016, mas em 2019 os números de casos voltaram a alarmar as autoridades de saúde do país, já que mais de 7 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença”, conclui o enfermeiro infectologista do Hospital HSANP.

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