Janeiro Branco: a importância de cuidar da saúde mental

Um dos temas mais falados desde o início da pandemia da covid-19 é a importância da saúde mental. O isolamento social transformou a rotina das pessoas que, de uma hora para outra, se viram sobrecarregadas ao terem que lidar com a realização de suas atividades diárias dentro de casa. Isso sem falar do desgaste emocional com as notícias sobre as consequências do novo coronavírus. 

Mesmo sendo um assunto que ficou mais presente nos últimos meses, ainda existem muitos tabus ao se falar em cuidados com a saúde mental e emocional. “Como se o tema dissesse respeito somente para quem é ‘louco’. A cada ano, o mundo se torna cada vez mais caracterizado pelos alarmantes índices de adoecimentos mentais e emocionais. E quanto mais falarmos sobre essas questões, maiores serão as chances de naturalização e aceitação social na busca de ajuda, por meio da compreensão dos impactos na vida de quem adoece”, afirma a psicóloga e idealizadora do projeto EmagreSENDO na Maternidade, Priscilla Gianneschi Navarro.

Criada em 2014 pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, a campanha Janeiro Branco vem utilizando o primeiro mês do ano como uma plataforma simbólica, a partir da qual as pessoas são convidadas a pensarem sobre as suas vidas, as suas condições sociais e psicológicas, assim como os sentidos que atribuem às suas vidas e os propósitos para os quais se dedicam. 

“A campanha também é fundamental para reforçar que a psicologia, em suas mais variadas áreas, é para todos. Existe uma infinidade de pré-conceitos acerca da ideia de saúde mental em uma sociedade que tem uma ideia fixa e inalcançável de perfeição, ou seja, para muitos, que ainda rotulam questões de saúde mental e emocional, aceitar falar sobre esse tema seria aceitar o imperfeito, mesmo que ele não exista”, declara Priscilla. 

Se for preciso, busque por ajuda
Estudos e pesquisas sobre os efeitos colaterais da pandemia da covid-19 começaram a surgir e a mostrar os grandes desafios que a humanidade tem pela frente: além de vencer o novo coronavírus, os indivíduos e as instituições sociais deverão reunir esforços e desenvolver estratégias públicas e privadas para proteger, fortalecer e promover a saúde mental das pessoas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia interrompeu serviços essenciais de Saúde Mental em 93% dos países do mundo e, ao mesmo tempo, intensificou a procura por esses mesmos serviços. No Brasil — país que já é um dos recordistas mundiais com relação à depressão, à ansiedade e a números absolutos de suicídios —, a primeira fase de uma pesquisa realizada no final de 2020, pelo Ministério da Saúde, detectou ansiedade em 86,5% dos indivíduos pesquisados, transtorno de estresse pós-traumático em 45,5% e depressão grave em 16% dos participantes do estudo.

Existem várias formas de cuidar da saúde mental. Confira algumas sugestões elaboradas pela psicóloga que podem ser testadas e avaliadas de acordo com a preferência e individualidade de cada um:

• Busque estabelecer uma rotina minimamente estruturada e organizada: fazer listas ou usar agendas reduz o estresse e alivia a sensação de carga mental;
• Durma bem e por pelo menos 7h: isso permitirá que o corpo recarregue as baterias e forneça energia para o próximo dia;
• Faça atividades físicas moderadas: elas auxiliam na prevenção e no alívio dos sintomas da ansiedade e da depressão
• Medite todos os dias ao menos por 5 minutos: a meditação continuada estimula a neuroplasticidade, a memória e o relaxamento por meio da conexão da mente com o corpo;
• Faça bom uso das mídias sociais: acessar as redes e consumir notícias de forma moderada pode auxiliar bastante na redução da comparação, da autocrítica e da autoestima;
• Não tenha vergonha de pedir ajuda: converse com alguém próximo e de confiança ou agende uma consulta inicial com psicólogo. Assim, como qualquer parte do corpo, o nosso cérebro e a nossa estrutura psicológica precisam de manutenção e ferramentas para voltar a funcionar no melhor desempenho.

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