Luta contra hepatites virais deve ser diária

Luta contra hepatites virais deve ser diária

Dia 28 de julho é conhecido por ser o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. O Dia Mundial das Hepatites Virais foi criado em 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a Lei nº 13.802/2019 instituiu o Julho Amarelo, a ser realizado a cada ano em todo o território nacional, no mês de julho, quando são efetivadas ações relacionadas à luta contra as hepatites virais

As hepatites são um problema sério de saúde pública e pode se manifestar de diversas formas na população. Saber como se proteger, como identificar os sintomas e quando buscar tratamento é fundamental.

Hepatite é o nome dado a toda inflamação que atinge o fígado, importante órgão do sistema digestório, que tem um papel principal na desintoxicação do organismo. Essa doença é causada, na maioria das vezes, por uma infecção viral, embora também possa ser acarretada pelo uso abusivo de substâncias tóxicas (álcool, medicamentos e drogas), doenças genéticas ou autoimunes.

O maior problema das hepatites virais é que os seus sintomas costumam ser bem silenciosos, muitas vezes passando despercebidos até que surja uma complicação da doença. Isso reforça a importância da realização de exames de rotina frequentemente (entre seis e 12 meses) para se certificar de que a saúde está em dia.

Quais são os tipos de hepatites virais?

As hepatites virais podem ser classificadas pelos tipos A, B, C, D e E, sendo os três primeiros mais comuns no Brasil. 

Hepatite A

Chamada de “hepatite infecciosa”, essa doença tem como agente o Vírus da Hepatite A (VHA) e a sua transmissão ocorre por meio do contato com pessoas portadoras da doença e pela água ou por alimentos que estejam contaminados por esse microrganismo. Essa transmissão é conhecida como fecal-oral, pois a água e os alimentos são infectados por conta da falta de tratamento de esgoto.

Nem sempre os sintomas surgem em todos os pacientes, porém, quando isso ocorre, os sinais começam a aparecer após 15 dias de infecção. Nesse caso, os indivíduos podem apresentar cansaço, febre, enjoo tontura, dor abdominal, alteração na coloração da urina e das fezes e aspecto amarelado na pele.

A melhor prevenção para essa doença é o saneamento básico. Além disso, os hábitos de higiene são indispensáveis, assim como o tratamento da água. É recomendável também evitar a proximidade de locais com esgoto a céu aberto.

Existe uma vacina contra o Vírus da Hepatite A, oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) apenas em casos especiais. Dentre eles, receptores de transplante de medula óssea ou portadores de doenças crônicas no órgão em questão.

Hepatite B

A hepatite B, provocada pelo vírus HBV, é transmitida por meio de fluidos corporais (sangue, secreções, entre outros). Desse modo, indivíduos que compartilham objetos de uso pessoal infectados, têm relações sexuais sem proteção com pessoas contaminadas, estiveram em contato com objetos perfurantes com a presença do agente causador, entre outras situações, estão suscetíveis à doença. A hepatite B também pode ser passada de mãe para filho durante a gestação, caso a mãe esteja contaminada.

Os sintomas costumam se manifestar após seis meses de infecção. Entre os indícios da infecção, podemos citar a icterícia (amarelamento da pele e da esclera – parte branca do olho), febre, enjoo, urina escura, fezes claras, dores no corpo, entre outros.

A hepatite B pode surgir de maneira aguda, durando pouco tempo, ou crônica, quando ultrapassa os seis meses. Como tratamento, o médico responsável indicará os medicamentos adequados para evitar a complicação do quadro, como a cirrose. Além disso, a orientação é que o consumo de álcool e de demais substâncias seja suspenso.

Os métodos mais eficientes de prevenção são o uso de preservativos durante as relações sexuais, evitar o compartilhamento de itens de uso pessoal (escova de dentes, alicate de unha, lâmina de barbear, entre outros), assim como se certificar de que os objetos perfurantes estão esterilizados em locais como estúdios de tatuagem, tratamento de acupuntura e outros.

A hepatite B também tem uma vacina disponível no SUS. Ela é indicada para pessoas que estão vulneráveis ao contato com o vírus (imunodeficientes, portadores de DSTs, usuários de drogas, profissionais da saúde, gestantes, entre outros. Também é recomendado que se tenha menos de 50 anos para tomar as doses.

Hepatite C

A transmissão da hepatite viral ocorre de forma parecida com a do vírus HBV, pois o agente causador se encontra presente no sangue de pessoas contaminadas. Por isso, é fundamental evitar contato sem proteção com fluidos corporais de indivíduos infectados.

Os sintomas da hepatite C são semelhantes aos da hepatite B. Além disso, manifesta-se de forma crônica ou aguda, sendo a primeira mais frequente. Quando não são devidamente tratados, os sintomas podem evoluir para cirrose hepática ou câncer de fígado. Na maior parte dos casos, os médicos recomendam o tratamento com antivirais. Ainda assim, cada paciente deve ser devidamente analisado para que o profissional consiga indicar a terapia mais adequada.

Embora não exista uma vacina contra a hepatite C, como nos casos anteriores, é possível preveni-la evitando o contato sem proteção com pessoas e objetos que podem estar contaminados.

Hepatite D

A hepatite D também se assemelha à de tipo B. Além disso, essa infecção parte da associação do Vírus da Hepatite D (VHD) com o Vírus da Hepatite B (VHB), podendo haver contaminação simultânea ou não. Por isso, as formas de transmissão são as mesmas. Seus sintomas também são silenciosos, mas, caso surjam, são da mesma maneira que os da hepatite B: febre, cansaço, náuseas, dores no corpo, variação das cores das fezes e da urina, icterícia, entre outros.

O tratamento também envolve uma medicação adequada, na qual o médico responsável será capaz de orientar. Além disso, recomenda-se o repouso, a suspensão do consumo de bebidas alcoólicas e alimentação balanceada.

Para se prevenir da hepatite D, é necessário tomar todas as providências para não ter contato com objetos contaminados ou com pessoas com suspeita de infecção. Além disso, adotar medidas de proteção (vacina contra o vírus VHB, uso de preservativos durante as relações sexuais, evitar compartilhar objetos pessoais, pré-natal para mulheres gestantes, entre outros) é fundamental.

Hepatite E

A hepatite E é rara no Brasil, sendo mais comum em países dos continentes africano e asiático. Sua transmissão ocorre de maneira semelhante à de tipo A, ou seja, por meio fecal-oral. Os sintomas, quando surgem, podem se manifestar entre 15 e 60 dias após a contaminação. Os principais sinais são febre, dores no corpo, fadiga, enjoos, icterícia e mudança na cor da urina (escurecimento) e das fezes (clareamento).

Essa hepatite viral também não tem um tratamento específico. Por isso, é recomendada a suspensão do uso de bebidas alcoólicas, dieta com poucos alimentos gordurosos e repouso. Para se prevenir, nada melhor que saneamento básico adequado, tratamento de esgoto e de água. Além disso, adotar hábitos de higiene, lavar as mãos sempre após ir ao banheiro, durante a preparação de refeições e ao chegar em casa é fundamental.

Como visto, as hepatites virais, apesar de se manifestarem de maneira discreta, podem trazer sérias consequências à saúde. Por isso, os exames de rotina são fundamentais para que seja possível identificar essa doença ainda em seu estágio inicial e receber o tratamento adequado.

Fonte: Hospital Albert Einstein

Crédito da imagem: iStock