Maio Roxo: conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais

Maio Roxo: conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais

Um problema pouco conhecido pela maioria da população, mas extremamente sério e com prejuízos à saúde. As doenças inflamatórias intestinais (DII) - compreendidas pela retocolite ulcerativa e pela Doença de Crohn - se caracterizam pelo processo inflamatório predominantemente no intestino grosso, mas são enfermidades que também podem afetar o paciente de outras formas, da boca ao ânus. 

“Ambas são doenças autoimunes que podem se apresentar com alterações em cavidade oral, úlceras no esôfago e no estômago, estreitamentos e úlceras no intestino fino, alterações no fígado e alterações articulares. No entanto, outras doenças podem se assemelhar a essas, como as infecções intestinais e as doenças infecciosas”, explica o Prof. Dr. Luiz Gustavo de Quadros, professor colaborador da Faculdade de Medicina do ABC e coordenador da endoscopia do Grupo de Estudos em Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB).

Em geral, os primeiros sinais de uma doença inflamatória intestinal são diarreia, dores abdominais crônicas, anemia, perda de peso e fístulas ou fissuras anais de difícil tratamento. Quando o paciente estiver com algum desses sintomas, é o momento de procurar um médico. “Especialmente se já houver um histórico familiar. Mas, independentemente disso, ao surgir qualquer suspeita, o ideal é procurar sempre um especialista”, recomenda Dr. Luiz.

O mês de maio alerta a população para o entendimento e a importância do diagnóstico precoce das doenças inflamatórias intestinais, por meio da campanha “Maio Roxo”. Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as DII afetam mais de 5 milhões de pessoas no mundo e, no Brasil, atingem 13,25 pessoas a cada 100 mil habitantes, sendo 53,83% de Doença de Crohn e 46,16% de retocolite ulcerativa.  

“As campanhas de conscientização são de extrema importância informativa e assistencial. A desmistificação de muitas condições, a orientação adequada sobre sintomas e meios de diagnósticos são de alta relevância para que o paciente tenha as formas para se autoavaliar e procurar ajuda”, afirma o médico. 

Tratamento pode ser feito pelo SUS
As causas das doenças inflamatórias intestinais são desconhecidas, mas acredita-se que o problema resulte de uma correlação de fatores ambientais, genéticos e imunológicos. As DII não são transmitidas por contato e ocorrem por uma alteração no sistema de defesa do paciente, por isso são autoimunes. 

De acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), a doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, enquanto a retocolite ulcerativa se limita ao cólon, também chamado de intestino grosso. 

A doença de Crohn costuma prejudicar mais o começo do cólon, mas também pode comprometer toda a espessura da parede intestinal. Nela, a inflamação não necessariamente afeta o intestino de modo contínuo e, entre as áreas atingidas, algumas podem permanecer saudáveis. Na retocolite ulcerativa isso não acontece. Apenas em 10% dos casos há características iguais em ambas as doenças, que são difíceis de diferenciar.

“O diagnóstico precoce é essencial para um correto tratamento. Mesmo com um estilo de vida adequado, em qualquer suspeita deve-se procurar um especialista”, alerta. 

O tratamento é feito com medicamentos que, em sua maioria, diminuem as defesas do organismo para combater a inflamação. Como as enfermidades não têm cura, os remédios devem ser usados por toda a vida, auxiliando no controle dos sintomas. De alto custo, as drogas são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cirurgias são indicadas, normalmente, a pacientes que não apresentam melhora com o uso dos remédios, de acordo com informações da ABCD.

Grupo de risco para a covid-19
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) alerta que pessoas com doenças inflamatórias intestinais fazem parte do grupo de risco para a covid-19, pois são imunossuprimidas. Nesse sentido, destaca a importância do diagnóstico de DII e os cuidados preventivos e essenciais contra o novo coronavírus - uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos -, principalmente porque os mais afetados pelas DII são jovens de 20 a 40 anos, seguidos das pessoas da faixa etária de 55 a 75 anos.

Crédito da imagem: Sorapop - Freepik.