Outono aumenta risco de conjuntivite

Outono aumenta risco de conjuntivite

A baixa umidade, a proliferação de vírus no ar e a maior incidência de doenças respiratórias com a chegada do outono aumentam o risco de conjuntivite viral e alérgica.  Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Dr. Leôncio Queiroz Neto, nossos olhos estão conectados ao nariz pelo canal lacrimal e é por isso que as doenças respiratórias influem na saúde ocular.  Isso explica porque é comum ficarmos com os olhos vermelhos quando estamos resfriados ou gripados”, exemplifica. 

O especialista esclarece que a baixa umidade do ar reduz as defesas do organismo e resseca todas as mucosas, inclusive a lágrima que tem a função de proteger a superfície dos olhos. “A falta de lágrima, somada às alterações ambientais facilitam o aparecimento da conjuntivite alérgica e da viral.  Nos dois tipos ocorre a inflamação da conjuntiva, membrana que recobre a esclera, parte branca do olho, e a face interna da das pálpebras”, afirma.

Ele ressalta que em pessoas contaminadas pelo Covid-19, por exemplo, o perigo do olho seco e da conjuntivite é maior. Por isso, em caso de desconforto nos olhos acompanhado por muito cansaço, dor no corpo e febre recomenda fazer os testes de Covid, para evitar maiores riscos à saúde, especialmente entre os que já passaram dos 60 anos de idade.

Conjuntivite alérgica

“Pálpebras inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento e fotofobia (aversão à luz) são sintomas em comum de todo tipo de conjuntivite”, ressalta o oftalmologista. “É a secreção que diferencia uma da outra, sendo aquosa na alérgica e transparente e viscosa na viral”, pontua.

“A conjuntivite alérgica, nesta época do ano, é causada principalmente pelo aumento da poluição no ar e é mais comum em quem sofre algum tipo de alergia. Isso porque, estudos mostram que seis em cada dez alérgicos manifestam a doença nos olhos”, salienta. Ao contrário da viral, não é contagiosa, mas pode causar lesões na córnea e diminuir permanentemente a visão, alerta.

O tratamento dos casos leves é feito com colírio anti-histamínico. O médico ressalta que o uso de antialérgico oral, para tratar alergias sistêmicas simultâneas à conjuntivite, resseca a lágrima e por isso dificulta a recuperação dos olhos.

Quem já tem ceratocone, doença degenerativa que faz a córnea tomar o formato de um cone e tem como principal fator de risco coçar os olhos, deve utilizar os colírios já prescritos pelo oftalmologista e em caso de crise alérgica durante o outono passar por consulta. “Quadros mais intensos de conjuntivite alérgica são tratados com colírios que contêm corticoide. O medicamento só pode ser usado com supervisão médica”, salienta. Isso porque, deve ser feita a regressão correta para não causar efeito rebote. Usar por um tempo prolongado pode causar glaucoma e catarata.

As dicas do oftalmologista para prevenir processos alérgicos são:

- Mantenha os ambientes arejados e livres de pó.

- Evite levar as mãos com substâncias químicas aos olhos.

- Não faça caminhada ou outros exercícios em locais muito poluídos.

- Beba bastante água.

- Não use lápis na borda interna das pálpebras para não alterar o pH da lágrima.

Conjuntivite viral

A conjuntivite viral é altamente contagiosa, pode surgir em qualquer idade e tem como principal veículo de transmissão levar as mãos contaminadas aos olhos. Os grupos de maior risco são:

Mulheres na pós-menopausa devido à menor produção da lágrima com a queda dos estrogênios.
Crianças porque estão com o campo imunológico em desenvolvimento.
Idosos por terem o sistema imunológico mais frágil.

Nas empresas e escolas, o Dr. Neto alerta sobre a transmissão, que ocorre pelo compartilhamento de teclados de computador ou mouse e pelo contato com interruptores de luz e corrimão de escadas. O especialista também chama a atenção para os carrinhos de supermercado e balcões do varejo.  O tratamento inicial é feito com compressas frias e lubrificação intensa. Nos casos graves, colírios anti-inflamatórios que contêm corticoide são os mais indicados. “A venda desta classe de colírios é livre, mas nunca devem ser usados sem prescrição e acompanhamento médico para evitar complicações maiores como a catarata e o glaucoma, reitera.

Uma dica do especialista é usar óculos escuros que além de melhorar o conforto em ambientes claros, evita a proliferação de vírus intensificada pela exposição à radiação ultravioleta.

Um erro comum cometido por muitas pessoas, afirma, é usar água boricada que aumenta a irritação e pode causar alergia. Como toda doença viral, ressalta, a conjuntivite tem seus sintomas controlados pelos medicamentos, mas o vírus pode criar resistência. Por isso, há casos em que se formam membranas na conjuntiva que exigem tratamento com corticoide e até aplicação de laser para remover opacidades que reduzem a acuidade visual.

As dicas de prevenção são:

- Lave as mãos com frequência ou higienize com álcool.

- Pratique exercícios moderados e constantes.

- Mantenha os olhos bem hidratados.

- Caso pegue um resfriado ou gripe mantenha o uso da máscara.

- Evite aglomerações em locais fechados.

- Não pule refeições.

- Durma de seis a oito horas/dia.

- Tome a vacina para gripe em abril, especialmente se pulou alguma dose da vacina de Covid.

Fonte: LDC Comunicação

Crédito da imagem: iStock.com/Antonio_Diaz