Todos os anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de oito milhões de pessoas morrem no mundo devido às doenças provocadas pelo cigarro e suas mais de quatro mil substâncias nocivas para o organismo. Principalmente a nicotina, que atinge o cérebro em apenas dez segundos, levando à dependência.
É sempre importante frisar que o hábito de fumar provoca doenças graves e que afetam o organismo em geral. Mas também há boas chances de recuperação para aqueles que tomam a acertada, e difícil, decisão de largar o vício.
“O tabagismo está associado às doenças cardíacas, respiratórias (como asma, bronquite e sinusite), sem falar do câncer de pulmão, um dos mais agressivos e que mais matam no mundo. Além disso, o vício no cigarro provoca problemas no sistema circulatório. A parte estética também é afetada deixando a pele de quem fuma com manchas escuras, e ainda pode afetar a saúde bucal”, lista o cardiologista e médico do esporte do Instituto Performance e Saúde, Dr. Carlos Portela.
Ele alerta, ainda, que as mulheres sofrem mais do que os homens quando fazem uso do cigarro. Isso pela fisiologia hormonal da mulher, podendo causar infertilidade, maior flacidez e rugas na pele, além de menopausa precoce.
Aqui no Brasil, de acordo com o Dr. Portela, cerca de 150 mil pessoas morrem precocemente todos os anos, justamente por consequência do tabagismo. E mais: fumantes adoecem três vezes mais do que não fumantes.
“Uma preocupação que precisamos ter é que quem sofre com as consequências do cigarro não é só aquela pessoa que fuma, mas também as que convivem com ela. São os chamados fumantes passivos. Um dado interessante é que do total das mortes relacionadas ao cigarro, 12% são de fumantes passivos”, alerta o médico.
Largando o vício
A opção mais assertiva, sempre, é deixar o cigarro o quanto antes e tratar os terríveis efeitos provocados no organismo. Mas isso nem sempre é tarefa fácil e a abstinência da nicotina pode provocar efeitos indesejáveis no corpo por um tempo.
“As pessoas acham que quando deixam de fumar, tendem a engordar. Mas isso, na realidade, não é o efeito de largar o vício, e sim o fato de passarem por uma fase de abstinência, o que consequentemente aumenta a ansiedade. E é esse aumento da ansiedade que faz a pessoa buscar alimento, ou até bebida alcoólica, como forma de recompensa, ocorrendo, então, um ganho de peso”, explica o cardiologista.
É por essa razão que quando uma pessoa decide abandonar o cigarro é muito importante que ela passe por um tratamento que trate do organismo como um todo.
“Os benefícios de parar de fumar são imediatos. A pessoa que fuma tem uma frequência cardíaca mais alta. Mas, a partir do momento que ela larga o cigarro, bastam 15 ou 20 minutos para essa frequência cardíaca cair. Já por volta de duas semanas sem o fumo, a circulação sanguínea tende a ter uma melhora do estresse oxidativo e há também uma melhora da função pulmonar. Mas, para ter benefícios mais contundentes, precisa-se de anos (às vezes de dez a 15 anos) sem fumar para ter, de fato, uma reversão do quadro. Por isso é importante largar o vício o mais breve possível”, diz.
Tratamento diferenciado
De acordo com o médico, o tratamento de quem tem doença cardíaca provocada pelo tabagismo deve ser individualizado. Isso porque o cigarro pode provocar várias alterações no coração, tanto arritmias, como alteração da pressão ou insuficiência.
Hoje em dia, existem alguns medicamentos no mercado que são utilizados para evitar a progressão da doença cardíaca em decorrência da sobrecarga provocada pelo cigarro. E a atividade física, quando bem orientada, é importante também.
Hoje temos grandes evoluções nos quadros de pacientes ex-tabagistas por meio do processo de Reabilitação Cardíaca, Pulmonar e Metabólica, que olha o paciente de forma geral, através do trabalho de uma equipe multidisciplinar.
Segundo o Dr. Portela, especialista em fisioterapia cardiopulmonar, novas técnicas e tecnologias contribuem para evoluções mais eficientes. Por meio do uso da eletroestimulação de corpo inteiro os pacientes conseguem ter uma evolução mais rápida e favorável no processo de recondicionamento cardiorrespiratório. Outra técnica utilizada ‘e o chamado Treinamento Muscular Inspiratório (TMI) em que utilizamos dispositivos específicos para melhorar a dinâmica respiratória dos pacientes.
“Pela reabilitação, conseguimos uma boa evolução no quadro de pacientes com queixas de fadiga, cansaço, indisposição”, explica.
Crédito da imagem: iStock.com/Sezeryadigar
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