Reprodução Assistida - Congelamento de Óvulos

Reprodução Assistida - Congelamento de Óvulos

No seu tempo

O congelamento de óvulos representa uma possibilidade de preservação da fertilidade para as mulheres que querem engravidar, mas ainda não sabem em qual momento da vida

Hoje em dia está cada vez mais comum o adiamento da maternidade, visto que as mulheres têm buscado formação acadêmica de excelência, almejam o sucesso pessoal e profissional. Entretanto, o relógio biológico feminino pode ser um obstáculo uma vez que, após os 35 anos de idade, as chances de gestação diminuem e os riscos de malformações fetais, e até a ocorrência de abortos, aumentam, conforme explica Dr. Fábio Cabar, professor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e especialista em reprodução humana assistida.

Porém, o sonho de ser mãe tardiamente não está perdido. Segundo Dr. Fabio, o congelamento de óvulos representa uma possibilidade de preservação da fertilidade para as mulheres que querem engravidar, mas ainda não sabem em que momento da vida isso deverá acontecer. “Além disso, a técnica também é uma opção para mulheres que necessitam realizar alguns tratamentos médicos (especialmente a base de drogas quimioterápicas) que podem comprometer a fertilidade”, complementa o professor.

Como funciona o procedimento?

Dr. Fábio explica que o procedimento é realizado com a utilização de hormônios que melhoram a performance dos ovários: todos os meses as mulheres selecionam de 100 a 1000 óvulos entre aqueles que elas ainda têm armazenados. Em um ciclo considerado normal, apenas um óvulo é utilizado e os demais 99 a 999 são, literalmente, desperdiçados. Com a aplicação dos hormônios, o objetivo é utilizar mais e perder menos óvulos todos os meses. Após a utilização das drogas, os óvulos são captados dos ovários e, então, congelados para posterior utilização.

“Por lei, não há limite de idade para a retirada dos óvulos. Apenas recomenda-se que seja feito até os 35 anos, momento em que as chances de gestação são maiores e de abortamento e malformações são menores. Entretanto, nada impede que a mulher faça o congelamento mais tardiamente. Para obter um número satisfatório e seguro de óvulos, o ideal é congelar pelo menos de 10 a 15, mas isso não significa que com menos de 10 a mulher não irá engravidar, quer dizer apenas que as possibilidades são menores. Desse modo, vale a regra do quanto mais, melhor".

De acordo com o Dr. Alfonso Massaguer, ginecologista e especialista em reprodução humana assistida, para fazer o congelamento, não é necessário cumprir nenhum pré-requisito. A única questão a ser considerada é colocar em risco a qualidade dos óvulos seja pela idade, ao postergar a gravidez, ou por tratamentos médicos como radioterapia e quimioterapia, por exemplo. “O ideal é que a mulher opte pelo método antes de atingir 35 anos, assim as chances dos óvulos serem saudáveis são maiores. Vale ressaltar que, como são usados hormônios, realizamos um check-up para verificar se não há nada de errado com a saúde da paciente”, adiciona o ginecologista.

O congelamento de óvulos é para mim?

Dr. Fábio afirma que a técnica é indicada a mulher que:

  • Deseja, por alguma razão, adiar a maternidade (motivos pessoais, profissionais, acadêmicos entre outros);
  • Será submetida a tratamentos que podem diminuir a fertilidade (contra cânceres, por exemplo);
  • Quer ser mãe, mas que ainda não está casada ou não conhece a pessoa com a qual deseja ter filhos;
  • Possui histórico familiar de menopausa precoce.

“Como é necessário o uso de hormônios para a melhora da performance dos ovários, a única contraindicação é para pacientes que não podem receber essas drogas”, acrescenta o professor.

Utilizando os óvulos congelados

Ao decidir engravidar, é necessária a preparação do útero que irá receber os embriões que serão fertilizados a partir dos óvulos congelados. O médico deverá ser comunicado antes da menstruação, pois essa preparação se inicia no começo fluxo. Quando o útero estiver pronto, o laboratório precisa ser avisado para prontamente descongelar os óvulos que serão fertilizados no mesmo dia e, em média, após cinco dias depois desse procedimento, os embriões serão colocados dentro do útero, conforme afirma Dr. Fábio.

“O Conselho Federal de Medicina, baseado em estudos científicos, recomenda que a gestação ocorra até os 50 anos de idade. Isso não significa que a gestação não possa ocorrer depois disso. O que precisa fica claro, é que existem riscos gestacionais (pressão alta, diabetes entre outros) que aumentam com o evoluir da idade, mesmo nas situações em que os óvulos sejam mais jovens".

Dr. Alfonso complementa informando que o congelamento de óvulos é igual a uma fertilização in vitro, trazendo baixíssimo risco para a mulher, reiterando que, hoje em dia, o estímulo ovariano grave é quase que um mito. Além disso, o ginecologista comenta que para o futuro bebê alguns males podem até ser reduzidos, já que a mãe vai congelar o óvulo precocemente, como, por exemplo, as doenças cromossômicas.

O valor do procedimento é cobrado de acordo com a clínica escolhida. Dr. Alfonso conta que varia de R$ 9.000 a R$ 16.000 por ciclo, incluindo laboratório com embriologista, anestesista, centro cirúrgico, hormônios, porém, na hora de engravidar, a paciente terá que arcar com outros custos.

Já Dr. Fábio comenta que, além do preço do tratamento, também é preciso pagar pela manutenção dos óvulos congelados que custa, em média, de R$ 600,00 a 1.200,00 por ano, dependendo do profissional e da clínica, entre outros fatores).

Essas técnicas se tornam cada vez mais importantes, já que muitas vezes, com seu relógio da fertilidade correndo, as mulheres se sentem extremamente pressionadas para engravidar. Frequentemente, essa gestação vem acompanhada da interrupção de diversos projetos pessoais e profissionais e, ao congelar os óvulos, garantem uma maternidade mais planejada, sem estresse e angustia emocional.