Saiba mais sobre a doença falciforme

Saiba mais sobre a doença falciforme

Um problema genético e hereditário, que pode ser detectado com a realização do teste do pezinho. A doença falciforme (DF) é um tipo de anemia que tem como característica a alteração das hemácias, os glóbulos vermelhos do sangue. Em período de crise, a hemácia modifica seu formato. Antes arredondada, passa a ter a aparência de uma foice, fator que contribui para dificultar a circulação de oxigênio nos tecidos.

Cerca de 60 mil pessoas têm a doença falciforme no Brasil, o que equivale a um caso a cada mil pessoas, apesar de a maioria não saber ou nunca ter ouvido falar sobre o assunto, segundo o Ministério da Saúde. Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu em 2008 o Dia Mundial de Conscientização da Doença Falciforme (19/06) para informação da população e diminuição da morbidade e mortalidade pela doença. 

De acordo com informações da Escola Paulista de Enfermagem - UNIFESP, dados da triagem neonatal estimam que, no Brasil, a cada ano, nascem 3.000 crianças com doença falciforme e 200.000 com traço falciforme - quando a pessoa recebe, apenas, o traço da doença, ou seja, somente o pai ou a mãe repassaram o gene com problema à criança e, nesse caso, a doença não se desenvolve. 

Importância do diagnóstico precoce

Anemia profunda, dores crônicas nos músculos, ossos e articulações, mãos e pés inchados, infecções e icterícia são os principais sintomas da doença e costumam ser percebidos no primeiro ano de vida.
A doença falciforme se apresenta em diferentes formas, cada uma caracterizada por complicações que podem afetar quase todos os órgãos e sistemas, inclusive reduzir a expectativa de vida. Por isso, o diagnóstico e o tratamento devem ser feitos precocemente. Além do teste do pezinho, a doença pode ser identificada na triagem neonatal ou no acompanhamento médico por meio do exame de eletroforese de hemoglobina.

“É crucial que o tratamento seja iniciado o mais cedo possível, uma vez que apenas 20% das crianças que possuem a doença atingem os cinco anos de idade, caso não recebam o devido tratamento", explica a Dra. Indianara Brandão, médica hematologista.

O tratamento da DF consiste em acompanhamento médico em casos de crises dolorosas frequentes causadas pela doença. Pacientes com crises leves e moderadas podem realizar em casa os cuidados com analgésico e a ingestão de muito líquido.  "Em caso de febre e indício de inflamação, o médico deve ser consultado para avaliação, já que o portador da doença está mais suscetível. Tanto crianças quanto os adultos são sensíveis à infecções, logo, os cuidados no cotidiano e o uso de medicações são fundamentais”, acrescenta a médica.

Vale destacar que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza toda medicação necessária, como ácido fólico, analgésicos e antibióticos, para reduzir as complicações da doença e ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Já o Ministério da Saúde oferece penicilina oral usada para evitar infecções oportunistas. Esse medicamento deve ser tomado diariamente, até os cinco anos de idade. 

Atualmente, 30 mil pessoas estão cadastradas nos hemocentros do país, onde são acompanhadas por profissionais especializados. "É importante ressaltar que as pessoas que possuem a enfermidade, assim como os pais da criança diagnosticada, têm o direito de receber orientação genética, com zelo e sigilo", conclui Dra. Indianara.

Crédito da imagem: Freepik.