Vacina da covid-19: engravidar ou não?

Vacina da covid-19: engravidar ou não?

Segundo especialista em reprodução humana, essa decisão depende de vários fatores e a orientação médica individual é a melhor forma de esperar a vacina ou seguir adiante tentando engravidar sem imunização

A pandemia do novo coronavírus ganhou novos contornos nos últimos meses: de um lado, a vacina oferece uma luz no fim do túnel para uma volta à vida normal; de outro, o número de casos volta a aumentar em todo o mundo – e com novas variantes do vírus Sars-Cov-2. Em meio a isso, muitas mulheres tentantes, ou seja, aquelas que desejam engravidar, enfrentam o dilema de esperar ou não para dar início à maternidade, por conta da vacina – já que ainda não está aprovada em gestantes. 

“Essa é uma dúvida muito comum das pacientes, aguardar ou não a vacina, para depois voltar a tentar engravidar. O que a gente recomenda é a individualização, pois depende de vários fatores: se a mulher já é infértil ou não, a idade dela, qual seria o prejuízo na fertilidade do futuro reprodutivo (se ela adiar de repente seis meses ou mais). Tudo depende também do cronograma de vacinação, pois há pessoas que só serão vacinadas talvez daqui a um ano, enquanto outras serão imunizadas em três meses. Então, esperar muito pode impactar demais no futuro”, diz Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.

O grande dilema enfrentado pelas mães tentantes é analisar os riscos: da doença para quem optar por engravidar e só depois tomar a vacina; e o de não ter gravidez, para quem já sofre com infertilidade. “Por isso é preciso individualizar”, diz o médico. Mas há caminhos para encontrar a solução do dilema. “Primeiro, temos que pensar naquelas mulheres que estão cogitando engravidar agora e naquelas que começaram a tentar há pouco tempo. Essas mulheres devem ser divididas entre aquelas que estão abaixo dos 35 anos e as que estão acima dessa idade – e também avaliar a reserva ovariana delas, através de alguns exames. Se elas tiverem um prognóstico favorável, ou seja, idade e reserva ovariana de acordo, elas podem aguardar a vacina. Agora, claro, se for um desejo muito forte pela gestação e a paciente não fizer parte de um grupo de risco, ela pode engravidar e ser vacinada depois”, afirma.

Em relação às mulheres que já sofrem com infertilidade, ou seja, aquelas que já estão tentando engravidar a mais de um ano sem sucesso, são poucos os casos em que elas deveriam adiar a gestação. “Já sabemos que o prognóstico de gravidez vai diminuindo bastante com o fator tempo e como elas já apresentam uma dificuldade pode ser que a espera de mais seis meses ou um ano possa afetar a chance de gravidez. Então para mulheres com infertilidade, não recomendo aguardar a vacina a menos que sejam casos muito favoráveis”, diz o Dr. Rodrigo Rosa. 

“Para mulheres, por exemplo, com endometriose, que sabemos que é uma doença evolutiva, não vale a pena ficar aguardando ter a vacina. Mas isso depende também do calendário da vacina; se ela for primeiro ou segundo grupo, tudo bem esperar, não são três meses que vão alterar as chances de gravidez. Se for esperar mais, entre seis, nove e doze meses, aí pode ter um impacto grande”, diz o médico.

Por fim, o médico diz que não valeria a pena adiar a gestação no caso das mulheres que já estão fazendo tratamento de fertilização in vitro. “Mas o que essas mulheres podem fazer é coletar os óvulos e, se já tiverem embriões congelados, tomar a vacina e depois transferir. Só que isso também depende da idade, porque não é uma garantia de gravidez depois da transferência dos embriões”, diz o Dr. Rodrigo. “O mais correto é discutir a situação com médicos especialistas em Reprodução Humana para investigar as individualidades do casal e tomar a melhor e mais responsável decisão”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.

FONTE: DR. RODRIGO ROSA - ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

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