23 de agosto, 2021

A importância da 2ª dose na vacinação contra o Covid-19

Desde janeiro, quando foi iniciada a campanha de vacinação contra o SARS-CoV-2, vírus causador do Covid-19, o assunto vacina domina as esferas pública e privada.

Existem muitos questionamentos e um deles pode ser em relação à natureza das vacinas, que são, de modo geral, antígenos que preparam o corpo (em especial os linfócitos) para quando entrarmos em contato com o vírus em situação real. Essa preparação é uma propriedade do sistema imune chamada “memória imunológica”, que pode variar conforme a tecnologia utilizada no imunizante e o intervalo aguardado entre as doses necessárias.

Por exemplo, não há estudos que distanciam a primeira e a segunda dose da CoronaVac por mais de três semanas, o que torna difícil optar por não seguir os protocolos. A estratégia inicial adotada foi imunizar o máximo de pessoas possível com a primeira dose frente a priorizar os grupos mais necessitados e já imunizá-los com a segunda dose também.

A alternativa deve ser avaliada em função das características de cada vacina e do momento epidemiológico da pandemia. Por essa razão, para ter uma resposta assertiva, é necessário que haja observações por meio de estudos clínicos. Em contrapartida, adiar o intervalo entre as doses poderia, de um lado, vacinar mais pessoas, diminuindo a ocorrência de casos graves da doença e, com isso, evitando a sobrecarga de hospitais. Do outro lado da mesma moeda, caso recebam apenas uma dose e não venham receber a segunda, pode haver apenas “proteção parcial”, uma vez que o sistema imune das pessoas pode não ter quantidade suficiente de anticorpos para que a eficácia da vacina seja maior, resultando em um indivíduo ainda passível de desenvolver e transmitir o Covid-19.

Um movimento recorrente e equivocado, seja com a vacina contra o coronavírus, seja contra outras patologias, como a hepatite, é não tomar a segunda dose. Considerando as vacinas hoje aplicadas, ainda não existem dados clínicos com maior rigor científico que determinem a eficácia de apenas uma dose, a exemplo da CoronaVac.

O indivíduo que toma a primeira dose terá uma resposta de seu sistema imune e a consequente criação de anticorpos, mas, como os estudos atuais demonstram eficácia maior com a segunda dose, necessita-se da aplicação em duas etapas, para que haja um reforço na produção de anticorpos contra o coronavírus.

Imunizar mais pessoas com apenas a primeira dose pode ser uma alternativa para reduzir o número de casos graves da doença, desafogando hospitais e agindo de modo estratégico na gestão da crise sanitária. Ainda assim, dependerá das características de cada vacina e da epidemiologia da doença.

O fabricante da vacina Pfizer/ BioNTech afirma que o intervalo deve ser maior ou igual a 21 dias. O resultado para esse intervalo vem das fases 2 e 3 dos estudos. Em Israel foi realizado um estudo de efetividade com 1,1 milhão de pessoas que receberam a vacina em um intervalo de 21 dias. No sétimo dia após a segunda dose, os resultados de proteção foram significativos: 94% em evitar a doença sintomática; 92% em evitar a doença e na mesma porcentagem evitar a doença grave; e 87% em evitar hospitalizações. No Brasil, o intervalo estipulado foi de três meses, assim como o da AstraZeneca.

Se a proteção for parcial, esses indivíduos ainda podem estar suscetíveis a desenvolverem o Covid-19 em alguma porcentagem, mas reitera-se que essa proteção parcial pode, por exemplo, diminuir os casos da doença em que internações se tornam necessárias.

A prevenção ainda é a melhor solução.

Fonte: Lucas Gabriel Ribeiro, CSO na Crop Biotecnologia, primeira startup da área

Crédito da imagem: iStock

23 ago, 2021

Compartilhe

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.