Declínio cognitivo tem causas diversas e pode ser revertido

Declínio cognitivo tem causas diversas e pode ser revertido

A cognição é o conjunto da capacidade de processar informações por meio da percepção e dos conhecimentos adquiridos pela experiência e da personalidade. A manutenção dessas habilidades é fundamental para que uma pessoa tenha independência nas atividades da vida diária à medida que envelhece.

Contudo, as habilidades cognitivas frequentemente diminuem com a idade. Como a expectativa de vida vem aumentando ao longo dos anos, entender os efeitos da idade sobre a cognição é importante. O número de adultos com mais de 65 anos está crescendo rapidamente e, por consequência, há aumento da prevalência de demências neurodegenerativas associadas com a idade.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a prevalência de demência na população com mais de 65 anos gira em torno de 7,1%, sendo a doença de Alzheimer responsável por 55% dos casos. Considerando a frequência dessa condição no Brasil e o contingente de idosos em nosso país, de aproximadamente 15 milhões de pessoas, estima-se que haja 1,2 milhão de brasileiros com síndromes demenciais, com elevado custo à sociedade.

O envelhecimento normal está associado com redução nas capacidades cognitivas em todos os seus domínios, que incluem atenção, memória, função cognitiva executiva, linguagem e capacidades visuoespaciais. Tanto a percepção sensorial a um estímulo quanto a velocidade de processamento diminuem com a idade, o que se traduz em impacto no teste de desempenho em vários domínios cognitivos. Exemplos incluem a perda auditiva mensurável, observada em cerca de 70% dos indivíduos com 80 anos, além da redução da discriminação da fala e da localização do som, bem como a realização de atividades mais lentamente conforme os anos passam.

Em relação à memória, alguns aspectos são estáveis com o envelhecimento, mas há declínios consistentes com o aprendizado de novas habilidades e alguma redução na recuperação de material recentemente aprendido. A memória sensorial ou imediata, as memórias históricas para eventos públicos, a memória autobiográfica (episódica) e as memórias processuais (como tocar piano ou andar de bicicleta) ficam relativamente estáveis com o avanço da idade. Por outro lado, observa-se diminuição com o passar do tempo em diferentes aspectos: precisão da memória de origem, como saber, com precisão, a fonte das informações conhecidas; nível de detalhe das memórias episódicas recuperadas; novo aprendizado; memória de trabalho que requer manipulação ativa do material a ser aprendido; memória prospectiva, especificamente de se lembrar de realizar determinada ação no futuro, como tomar medicamentos antes do café da manhã.

De acordo com o neurologista professor livre-docente de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Dr. Renato Anghinah, o declínio cognitivo é qualquer alteração que imprima alterações nas condições cognitivas. 

Diversas causas podem levar ao problema. Inclusive, o quadro vem sendo observado entre os mais jovens, associado a episódios de estresse, burnout, alterações metabólicas, alterações autoimunes, doenças infecciosas como encefalites, até inclusive, doenças degenerativas. “Tudo isso pode levar a um declínio cognitivo, alguns reversíveis e outros não.”

O Dr. Anghinah explica que a condição não deve ser ignorada porque, por exemplo, em um caso de depressão, que pode levar a um declínio cognitivo, existem opções de tratamento, um distúrbio de sono é tratável. “Mesmo um quadro que não tem cura, nós podemos dar um apoio e um suporte de qualidade de vida ao paciente, existem medicamentos e não só isso, orientações para a família, então, o declínio cognitivo não deve ser menosprezado. Ele deve fazer parte de uma avaliação médica quando a pessoa tiver desconfiando que isso está acontecendo.”

O declínio cognitivo pode evoluir, principalmente quando se tratar de doenças degenerativas e mesmo quando tiver alterações metabólicas, quadros infecciosos ou hormonais. “Se não tratar, pode piorar. Agora, se houver o tratamento adequado, pode melhorar, regredir e até ser revertido, em muitos casos”, afirma o neurologista.
Prevenção é sempre o caminho e para isso, manter hábitos saudáveis de vida, se manter socialmente ativo, se manter cognitivamente ativo, aprendendo sempre coisas novas, procurando ler livros, procurando ir ao cinema, procurando ter contato com os amigos, se manter cognitivamente produtivo é importante, além de manter hábitos de atividade física saudáveis, durante a vida.

Como identificar o declínio cognitivo

Uma das recentes inovações para o diagnóstico da perda de memória e para mais 600 funções, como o declínio cognitivo, é o Altoida, um teste rápido, não invasivo e indolor que avalia, por meio de um tablet, os dados para identificar o risco de um paciente desenvolver a doença, até dez anos antes dos primeiros sintomas, ou seja, é uma ferramenta com foco em rastreio e detecção precoce do problema. 

Desenvolvida por neurocientistas na Suíça e disponibilizada no Brasil pela Oncoprod, permite que o médico teste e avalie as habilidades funcionais dos pacientes, usando avançados algoritmos e inteligência artificial (IA).

De acordo com Dr. Anghinah, os avanços que o Altoida trouxe para o diagnóstico são bastante importantes, principalmente se fatores como rapidez e agilidade forem levados em consideração. 

O neurologista explica também que com o Altoida é possível avaliar 11 domínios cognitivos diferentes, entre elas funções motoras, cognitivas, tempo de resposta, atenção; e ao mesmo tempo, os algoritmos matemáticos e computacionais, já direcionam esses resultados de maneira instantânea.

Fontes: fleury.com.br / neurologista professor livre-docente de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Dr. Renato Anghinah

Crédito da imagem: iStock.com/merteren