Além de tudo que já se sabe sobre os períodos de crises de enxaqueca, que parecem verdadeiras torturas e incluem sintomas como náuseas, irritabilidade com a luz, sons e cheiros, e resultam até mesmo em dias perdidos no trabalho ou redução da produtividade de forma geral, algumas pessoas ainda podem experimentar outros sintomas quando a crise finalmente termina.
Embora esperem alívio, o que vem a seguir é chamado de pósdromo, ou resseca da enxaqueca. “Essa é uma fase distinta da enxaqueca que deixa os pacientes doloridos, cansados, atordoados e confusos – sintomas assustadoramente semelhantes a outra aflição. Os pacientes relatam que suas cabeças parecem ocas ou sentem que estão de ressaca e nem sequer beberam. Esse problema é completamente relacionado às crises de enxaqueca, de forma que tratar as dores com cirurgia da enxaqueca é um método eficaz e respaldado pela ciência para diminuir a intensidade e frequência das dores, além do uso de remédios e das sensações do pósdromo”, explica o cirurgião plástico membro da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca (EUA) e um dos médicos que realiza o procedimento no Brasil, Dr. Paolo Rubez.
Um trabalho de 2019 publicado na renomada revista Neurology destaca que esses sintomas acompanham até 80% das crises de enxaqueca. O pósdromo geralmente dura entre um e dois dias e os pacientes relatam alguns problemas como uma ‘névoa’ persistente com sensação de enjoo e exaustão. “Como acredita-se que a enxaqueca aja como uma espécie de tempestade elétrica ativando neurônios no cérebro, é possível que a ressaca da enxaqueca resulte de alguns circuitos estarem esgotados eletricamente ou neuroquimicamente", diz o médico. Ou seja, para cessar esse problema é necessário tratar a raiz da questão: as dores da enxaqueca.
A Cirurgia da Enxaqueca, disponível no Brasil, é uma das formas mais eficientes de reduzir a intensidade, frequência e duração da enxaqueca, segundo revisão sistemática recente, publicada em fevereiro de 2022 no Annals Of Surgery. “Foram analisados 68 estudos que confirmaram os resultados e a segurança do procedimento, com baixíssimo índice de complicações e alto grau de satisfação dos pacientes”, explica o cirurgião. “Apesar da disponibilidade de opções de tratamento conservador, como medicamentos, os pacientes sofrem de enxaquecas resistentes que estão associadas a uma má qualidade de vida. A cirurgia da enxaqueca, definida como a descompressão dos nervos periféricos, uma ‘desativação’ nos locais do gatilho, é uma estratégia de tratamento relativamente nova, mas altamente respaldada pela ciência, para enxaquecas resistentes e refratárias”, completa.
Um estudo da Harvard Medical School mostrou que a Cirurgia de Enxaqueca, além de melhorar os sintomas de dor de cabeça conforme demonstrado em diversos estudos, também está associada a uma redução significativa no uso de medicamentos, principalmente no caso de pacientes que sofrem com dores crônicas e debilitantes. Segundo o médico, a Cirurgia de Enxaqueca é hoje realizada por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma dezena das principais universidades americanas, como Harvard. “Os resultados positivos e semelhantes das publicações dos diferentes grupos comprovam a eficácia e a reprodutibilidade do tratamento”, afirma o médico.
Segundo o médico, a cirurgia age na descompressão operatória dos nervos periféricos na face, cabeça e pescoço para aliviar os sintomas da enxaqueca. “A cirurgia é pouco invasiva e tem o objetivo de descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo e occipital envolvidos nos pontos de dor. Os ramos periféricos destes nervos, responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo, podem sofrer compressão das estruturas ao seu redor, como músculos, vasos, ossos e fáscias. Isto gera a liberação de substâncias (neurotoxinas) que desencadeiam uma cascata de eventos responsável pela inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro, que irão causar os sintomas de dor intensa, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som”, diz.
As Cirurgias para Enxaqueca podem ser de sete tipos principais nas seguintes regiões: Frontal, Rinogênico, Temporal e Occipital (nuca). Segundo o Dr. Rubez, para cada um dos tipos existe um acesso diferente para tratar os ramos dos nervos, sendo todos nas áreas superficiais da face ou couro cabeludo, ou ainda na cavidade nasal. O médico explica que cada cirurgia foi desenvolvida para gerar a menor alteração possível na fisiologia local. A cirurgia pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de Migrânea (enxaqueca) feito por um neurologista, e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não conseguem ser controladas por medicações; ou em pacientes que sofram com efeitos colaterais das medicações para dor ou que tenham intolerância a elas; ou ainda em pacientes que desejam realizar o procedimento devido ao grande comprometimento que as dores causam em sua vida pessoal e profissional.
Por fim, ele enfatiza que as cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob anestesia geral e em alguns casos sob anestesia local. “A duração da cirurgia, para cada nervo, é de cerca de uma a duas horas, e o paciente tem alta no mesmo dia para casa”, finaliza.
Fonte: Holding Comunicações
Crédito da imagem: iStock.com/mixetto
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