Quando alguém está em apuros na ficção, os super-heróis logo são lembrados para fazer o salvamento. No entanto, na vida real, cada pessoa pode ser o super-herói de alguém e transformar uma realidade, fazendo com que o perigo seja extinto. Basta ser um doador de medula óssea.
De 14 a 21 de dezembro é realizada em todo o Brasil a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea. O objetivo desse período é esclarecer dúvidas e incentivar a doação de medula, com a captação de possíveis doadores.
A Associação da Medula Óssea (Ameo) diz que “medula é o tecido encontrado no interior dos ossos, também conhecido popularmente por “tutano”, que tem a função de produzir as células sanguíneas: glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas.”
A doação de medula pode ser feita por pessoa aparentada ou não aparentada.Isso significa que no caso de pessoa aparentada, o doador é uma pessoa da própria família, em geral um irmão ou um dos pais. Há cerca de 25% de chances de encontrar um doador compatível na família. Se não houver parente compatível, inicia-se a busca de alternativas para a realização do transplante.
O Redome atingiu em maio de 2023 a marca de 4 milhões de cadastros. O registro brasileiro participa de uma rede mundial com cerca de 26 milhões de doadores. Estes registros de outros países também são acessados pelo Redome para busca de doadores, o que aumenta a probabilidade de encontrar alguém compatível.
Qualquer pessoa pode ser doador?
O primeiro passo para se tornar um doador de medula óssea é procurar o hemocentro mais próximo de sua residência.
Lá você responderá a um questionário e retirará uma amostra de sangue (cerca de 10 ml) para o exame de tipagem chamado de HLA.
É necessário ter entre 18 e 35 anos para fazer o cadastro, porém, o doador permanece no cadastro até os 60 anos, que é a data limite para realizar a doação. Também é preciso um documento de identificação oficial com foto, estar em bom estado geral de saúde e não ter nenhuma doença impeditiva (veja aqui a lista).
É importante que o médico mantenha atualizado as informações do paciente no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme).
Quais os tipos de transplante?
Atualmente, existem dois tipos possíveis de doação de medula. O método por punção (mais conhecido da população) e por aférese, menos invasivo. Quem escolhe o método mais indicado para cada pessoa é o médico que faz todo o acompanhamento.
Na punção, o procedimento é feito sob anestesia. A medula é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções. Neste método, é preciso que o doador fique internado por 24h. Ele pode sentir dor no local da punção, nos primeiros dias, que pode ser amenizada com uso de analgésicos. O tempo de recuperação é em torno de 15 dias.
Já o método por aférese é aquele em que o doador faz uso de uma medicação por cinco dias, com o objetivo de aumentar a produção de células-tronco circulantes no seu sangue. Ele pode causar alguns efeitos colaterais como dor óssea e muscular, além de dor de cabeça. A doação é realizada depois que o doador tomou toda a medicação. É feita por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue em duas veias do doador, uma em cada braço ou uma veia profunda. O equipamento separa as células-tronco e devolve os componentes do sangue que não são necessários para o paciente receptor. Não há necessidade de internação e anestesia. Podem ocorrer náuseas, dormências, sensação de frio e hematoma no local do acesso.
Para quem é indicado o transplante?
Os pacientes com leucemias que têm origem na medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas) são os principais beneficiados pelo transplante.
Outras doenças,menos frequentes e conhecidas, também podem ser tratadas com transplante de medula. Entre elas estão: as mielodisplasias, doenças do metabolismo, autoimunes e vários tipos de tumores. Ao todo, o transplante pode ajudar no tratamento de cerca de 80 doenças.
Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea
Doar medula não é apenas fazer com que uma pessoa fique curada de uma doença. Doar medula é devolver a um ser humano a oportunidade de ter uma vida mais independente, livre de dores e com mais liberdade.
Diferentemente de doar um órgão como rim, por exemplo, ao doar medula, seu organismo se recupera em pouco tempo. Em poucos dias, o doador já volta à vida normal.
A semana foi instituída pela lei 11.930/2009. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cumpre o papel de estabelecer normas que garantem a segurança e a qualidade da realização de procedimentos necessários à captação de doadores, à realização da doação e ao transplante de medula óssea. É totalmente seguro. Seja você também o herói anônimo na vida de alguém!
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