24 de junho, 2022

Dias mais frios aumentam queixas de olho seco

Nem começou o inverno e o clima mais frio já provoca algumas alterações na saúde ocular. Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, no mês de maio de 2022, os prontuários de 270 pacientes do hospital mostram que a doença mais frequente nos consultórios é a síndrome do olho seco. Neste grupo, 27% ou 73 pacientes receberam diagnóstico da síndrome. “Isso é mais que o dobro da incidência nas estações quentes antes da pandemia de Covid-19, quando a disfunção atinge 12% dos brasileiros”, salienta.

 

O oftalmologista afirma que o olho seco tem efeitos significativos na função visual, produtividade e qualidade de vida. Isso porque os sintomas são: sensação de areia nos olhos, ardência, vermelhidão, fotofobia e visão embaçada. A disfunção, explica, é uma alteração na quantidade ou qualidade de uma das três camadas da lágrima formada por água, gordura e muco. “A falta de lubrificação na superfície dos olhos predispõe a outras complicações, como por exemplo, lesões na lente externa do olho, a córnea, e à blefarite, inflamação crônica das pálpebras”.  A chance de contrair conjuntivite viral neste período do ano também é maior, principalmente se permanecer em ambientes fechados, pontua. Isso porque, o frio espalha todo tipo de vírus no ar e a diminuição da lágrima deixa os olhos mais expostos. Uma evidência bastante clara da proliferação dos vírus neste período é o aumento dos casos de covid nos últimos dias.

 

Gatilhos

Queiroz Neto ressalta que toda síndrome do olho seco é multifatorial. Sofre influência do meio ambiente, estilo de vida, idade, sexo, hábitos alimentares, consumo de água, uso de lente de contato, doenças sistêmicas como o diabetes, ou na superfície do olho como cicatrizes na córnea, ceratocone e blefarite. Tem incidência de três mulheres para cada homem. Pode também estar relacionada ao uso de ar-condicionado frio ou quente que diminuem a umidade do ar, medicamentos antialérgicos, anti-hipertensivos e antidepressivos. Depois da pandemia, a mudança no estilo de vida com mais horas em frente às telas por todas as faixas etárias e o uso de máscaras mal ajustadas na parte superior que jogam o vapor da respiração na direção dos olhos também favorecem”, afirma.

 

Diagnóstico

O médico afirma que 11% dos casos de olho seco são assintomáticos. Isso acontece porque 98% da lágrima é formada por água e a evaporação passa despercebida quando é pequena.

“O diagnóstico manual feito com colírio e contato com o olho pode mascarar o resultado por estimular a lacrimação. Por isso, hoje é feito com uma câmera que emite luz infravermelha e é teleguiada por um software para avaliar as três camadas da lágrima   sem interferir na superfície do olho. O exame também inclui a avaliação das pálpebras inferior e superior e das glândulas de meibômio. Por isso, permite flagrar logo no início a blefarite, inflamação na pálpebra que está relacionada a alterações nas glândulas de meibômio.

 

Tratamento

O oftalmologista afirma que o olho seco brando é tratado com colírios lubrificantes. Mas o melhor tratamento para sete em cada dez pacientes é a luz pulsada que desobstrui a glândula de Meibômio e estimula a produzir a camada lipídica da lágrima. Isso porque, um estudo Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO) mostra que 70% dos casos de olho seco estão relacionados a uma disfunção nesta glândula. “Já atendi pacientes que depois da aplicação da luz pulsada comemoravam o alívio nos olhos”, afirma. O médico conta que chegavam ao consultório com um saco cheio de colírios, mas permaneciam com o desconforto. Pior, se não for aplicado um tratamento efetivo a glândula pode sofrer lesões e causar grave redução da visão. O tratamento geralmente é feito em três sessões, sendo uma/mês, mas a reaplicação pode ser necessária depois de um tempo. Além de preservar a produção da camada gordurosa da lágrima, observa, a luz pulsada reduz o gasto com colírio.

 

Seis passos para a prevenção

 

As recomendações de Queiroz Neto para você manter seus olhos lubrificados são:

 

Nas telas pisque voluntariamente e descanse olhando para um ponto distante a cada 20 minutos.

 

Posicione o computador abaixo da linha dos olhos para manter a superfície ocular mais lubrificada.

 

Desligue os equipamentos uma hora antes de ir dormir para ter uma boa noite de sono.

 

Limpe a borda das pálpebras com cotonete embebido em xampu neutro para evitar a obstrução das glândulas e a blefarite.

 

Beba água. Hidratação nunca é demais. Protege os olhos, a pele e os rins.

 

Inclua ômega na dieta. As melhores fontes são: abacate, castanhas e peixes gordos como a sardinha, salmão e bacalhau.

24 jun, 2022

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